sábado, dezembro 25

Do Outro Lado da Janela

   Depois de alguns fogos durante os primeiros minutos da noite natalina, passou-se algum tempo e viajei com meus olhos  por detrás das vitrinas de minha sala. Contemplava a imagem de uma rua que, durante um período do ano, via-se iluminada. Havia dois carros do outro lado da calçada e uma janela aberta, por onde era possível bisbilhotar a ceia de meus vizinhos.
   Na esquina, caminhava uma moradora de rua que hora ou outra costumo encontrar nas praças e redondezas do bairro. Ela vestia uma regata vermelha com listras brancas, uma legging preta e uns tênis de marca nada atraente para os jovens universitários que moram à frente de meu prédio. Ela carregava uma mochila rosa nas costas, onde havia figuras infantis. Em um de seus braços, carregava também três sacolas plásticas, uma delas com o símbolo do mercado Zaffari, famoso por produzir comerciais emocionantes na época de natal. Uma de suas mãos trazia o que lhe propunha a melhor alegria naquela noite. Eu enxergava apenas um embrulho branco sendo diversas vezes levado ao encontro de suas narinas. Ela aspirava aqueles químicos com toda a força que seu corpo pouco alimentado conseguia resgatar.
   Continuei com os olhos fixos sobre os movimentos daquela mulher. Foi a cena mais propícia para me levar às reflexões costumeiras do dia vinte e cinco de dezembro.
   Andando, ela chegou à janela que estava aberta em frente ao meu apartamento. Parou por algum instante observando uma família que estava à mesa se alimentando de uma bela ceia. Depois de um tempo, alguém a enxergou de dentro daquela moradia, pois um jovem veio à janela para falar com ela.
   Não sei que palavras foram pronunciadas, mas logo a cortina foi solta e então nem a moradora de rua, nem eu pudemos contemplar a continuação da ceia que se passava naquele apartamento. Ainda assim, ela permaneceu lá fora como se aguardasse por algo que mudasse a rotina de suas andanças pela rua ao menos em uma noite. Não foi só ela quem aguardou, eu também me via aflita, tinha a intuição de aquela conversa pela janela não havia sido concluída.
   Uma luz iluminou parte da rua quando reabriram as cortinas e uma senhora entregou um prato de comida para a mulher. Ela resgatou o presente com as duas mãos, fez um cumprimento de agradecimento com a cabeça e passou a saborear o que estava no prato. Não pude saber que variedade havia sobre o prato de vidro, mas certamente lhe era o suficiente, pois a mulher degustou tudo o que existia assim mesmo, em pé.
   Enquanto ela se alimentava, outros jovens vieram até a janela e conversaram um pouco com ela, até que ela entregou o prato para um deles. Mais algumas palavras foram trocadas e a moradora de rua voltou a percorrer o mesmo caminho que a tinha levado até ali. Deu meia volta e virou a esquina. Eu continuei observando até o último passo que me foi possível.
   Tive então uma espécie de alívio. A música que tocava em minha sala cessou e eu passei a ouvir apenas o som dos pingos de chuva que começavam a cair sobre a mesma rua que recém havia me proporcionado uma prova do amor que é resgatado no natal.
  

Um bom dia a todos.
Laura Marzullo dos Santos
segunda-feira, dezembro 20

Cada época deixa seus rastros.

   Eram duas meninas. Duas adolescentes. Entre todas as expectativas que as norteavam naquela fase de descobertas, havia um sonho em comum: conhecer seu ídolo. A cada música que ouviam, era um delírio, uma paixão. A admiração que mantinham pelo mesmo cantor passava a ser a grande fantasia que lhes mostrava o quanto era gratificante ouvir um som que fizesse bem aos ouvidos, ao mesmo tempo em que emocionava o coração e as fazia chorar com as belas letras românticas com que tanto se identificavam.
   A vontade de absorver o  maior número de informações possíveis sobre seu ídolo ia além dos CDs. Logo no início de cada mês, o maior dever era ir à banca para comprar as revistas que trouxessem as fotos mais exclusivas e os dados mais particulares da vida do garoto de seus sonhos. Na internet, novos blogs eram criados a cada dia para que as fãs produzissem textos sobre cada participação do cantor nos programas televisivos.
   Em um desses blogs, as meninas passaram a manter contato. Uma do Rio Grande do Sul e a outra da Bahia. Apesar da distância, o sentimento era o mesmo. Havia emoção ao conferir a agenda de seu ídolo para saber quando ele estaria em sua cidade. O problema era o mesmo - ambas as garotas moravam no interior e o cantor comparecia apenas às capitais, o que dificultava suas idas aos shows. Apesar da dor, era o momento propício para que se identificassem. Aquelas mentes que recém ingressavam em uma nova fase, passavam a perceber que suas vidas eram semelhantes, que a maneira como encaravam as amizades, os amores e, principalmente o seu ídolo, era a mesma.   
   O grupo de fãs era maior, as gurias começaram a manter contato com fãs de todos os lugares do país. Elas participavam de chats, assistiam aos programas, ouviam o novo CD e logo depois se reuniam no MSN para contar como foi a emoção ao ver o seu grande ídolo em uma nova performance, falando sobre o amor de uma maneira que as fazia delirar. Momento típico de um adolescente.
   Foi um ano, foram dois, três anos que se passaram. Das trinta e poucas meninas que se conheceram, nove delas ainda se comunicavam. Um ano depois, aquelas duas garotas que há algum tempo haviam se identificado passaram a manter um vínculo que se traduzia na palavra amizade.
   O ponto que as ligava já não era o ídolo, ele havia sido importante em uma fase de suas vidas, foi importante para o crescimento das meninas gaúcha e baiana. Agora elas se encontravam no messenger não para tratar sobre qual havia sido a foto mais impressionante do ídolo na revista Atrevida, seus assuntos eram sobre família, sonhos, relacionamento, estudos. O ídolo foi o ponto de partida, a grande oportunidade para que se conhecessem. Mesmo estando quilômetros distantes, elas sabiam sobre o dia a dia uma da outra. Quando uma briga familiar ou uma decepção as chateava, os conselhos e o carinho mantinham aquela amizade bastante alicerçada. A cada dia, uma se tornava mais importante para a outra.
   Muitas foram as vezes em que ao perceber o sofrimento da outra, lágrimas caíram em frente à tela do PC. A maior vontade que havia por trás daquelas telas era de que um abraço fosse possível para demonstrar o quanto era grande o afeto, o desejo de que a amiga pudesse realizar conquistas.
   Foi assim também durante o ano de estudo para o vestibular. Um período complicado, pois as duas se viam aplicadas nos estudos e passavam a se falar por menos horas a cada semana. Nas conversas possíveis, aproveitavam para saber sobre quais leituras eram diferentes nas exigências das Universidades em que desejavam ingressar. Se possível, procuravam estudar as disciplinas exatas juntas pelo MSN. Se arriscavam nos manuscritos e se preparavam para as provas. Os cursos a que almejavam eram bastante diferentes. A baiana desde pequena sonhou em ser médica, quis ajudar a quem pudesse por meio de seu trabalho. A gaúcha deixava o sonho infantil de ser dentista para se entregar às escrituras jornalísticas. Havia o apoio e elas, por se conhecerem muito bem, entendiam porque os sonhos de cada uma podiam se solidificar ou mudar no decorrer desses quatro anos.
   Mais 365 dias mostravam suas caras e lá estava uma parabenizando a outra pela aprovação no curso de jornalismo. Do outro lado, a gaúcha apoiava sua querida amiga naquele ano em que ela se preparava para a maratona de cursinho pré-vestibular para buscar sua vaga, como é digno de todo médico apaixonado pela profissão.
   Embora esses últimos trezentos e poucos dias tenham sido de maior compromisso, foram importantes para que o apoio continuasse e para que elas priorizassem os sonhos de suas vidas. Mesmo que o contato não tenha sido contínuo, durante todo o ano havia scraps e depoimentos que mostravam o carinho que uma mantinha pela outra. Foi sempre uma grande alegria ver a amiga amadurecendo e encontrando seu lugar no mundo. Cada vitória era motivo de comemoração, cada luta era momento de aprendizagem para as duas.
   E no dia dezenove de dezembro, a menina baiana, chamada Luise, completa também dezenove anos. E é em razão desta data que a menina gaúcha volta a arrastar seus dedos pelas teclas do computador com intuito de prestigiar sua amiga e lhe dar os devidos parabéns, as devidas homenagens.
   Foi a forma encontrada para dizer que sim, é possível manter uma amizade além da distância, além dos estudos e acima de muito amor.
Minha amiga, obrigada pela amizade que tu me proporcionou no decorrer desses cinco anos. Admiro-te ao lembrar que aquela adolescente cheia de dúvidas e insegura se mostra hoje uma mulher capaz de lutar pelo que deseja com uma força que se renova a cada dia. Uma mulher que se supera e mostra que os anos passados só serviram para lhe dar a devida força e garra de que precisa nos últimos meses.
   Só tenho a te parabenizar, seja pelo dia especial de hoje, seja por tudo que és.
   Um abraço da amiga gaúcha, de sotaque estranho que ainda irá te conhecer e te entregar o abraço tão sonhado.
   Essa postagem é pra ti em meu blog, guarda com o mesmo carinho de quanto tu fez aquele depoimento lindo em meu aniversário.

E a quem ler a postagem, não se esqueça de regar os vínculos que conquistou. É nosso dever cuidar daquilo que cativamos.
segunda-feira, novembro 15

Waking Life

   Sempre estamos à procura de melhores formas para nos expressarmos da maneira mais inteligível possível. Os homens do paleolítico iniciaram suas tentativas por meio representações pictóricas. Havia o desejo de transformar os sons e suas formas abstratas de comunicação em maneiras mais didáticas ao se criar sistemas de símbolos. Eles passaram a marcar as cavernas e, com o advento do Estado no período neolítico, a forma de escrita evoluiu de imagens para as primeiras evidências da formação de um alfabeto. Independente das técnicas, seja pelo uso de argila, de carvão, de fibras vegetais; seja sobre paredes ou pergaminhos, nunca nos contentamos em usar apenas um meio para levar adiante os nossos pensamentos. E em razão dessa necessidade, os meios de comunicação se expandiram e permanecem em evolução a todo o instante. Somos capazes de nos comunicar por meio da voz, de gestos, de imagens, de escrituras.
   Nesse processo de passagem do pensamento de uma pessoa para a outra, nascem conflitos. Há o receio de que a interpretação sobre o que se analisa não seja a ideia primitiva do autor. Mais do que erro de interpretação, teme-se que o problema nessa passagem não seja apenas o erro de entendimento, mas se a informação consegue ser assimilada em sua totalidade.
   Esta dúvida é uma das questões abordadas no filme Waking Life, do diretor Richard Linklater. O filme exibe inúmeras cenas em que são usados argumentos de diversas ciências sociais para tratar a questão do existencialismo. Em uma dessas discussões, uma mulher exibe o seguinte discurso:
"Quando eu digo "amor", o som sai da minha boca e atinge o ouvido de outra pessoa, viaja através de um canal labiríntico em seu cérebro através das memórias de amor ou de falta de amor. O outro diz que compreende, mas como sei disso? As palavras são inertes. São apenas símbolos, estão mortas. Sabe? E tanto da nossa experiência é intangível. Tanto do que percebemos é inexprimível. É indizível. E, ainda assim, quando nos comunicamos uns com os outros e sentimos ter feito uma ligação, e termos sido compreendidos, acho que temos uma sensação quase como uma comunhão espiritual. Essa sensação pode ser transitória, mas é para isso que vivemos. "


   Outra questão abordada no filme é uma crítica a roteiros de cinema, de novela. Dois jovens conversam e dizem que os roteiros costumam limitar as histórias e os atores. Eles dizem que boas histórias apenas existem quando há o espontâneo, quando os atores podem ter liberdade no momento de gravação, expressando aquilo que eles realmente sentem em cada cena. Em razão disso, percebe-se que Waking Life é um filme diferenciado. Ele transforma a gravação original em um modelo de animação, na qual existem efeitos que, durante as cenas, realçam as falas e as expressões dos personagens para que o espectador tenha a melhor interpretação possível sobre os temas que são debatidos no longa-metragem.
 Importante a ser tratado é a relação entre sonho e vida real. Um dos personagens vive o enredo dentro do sonho de um sonho e procura formas de sair desse sistema para viver naturalmente. Nesse processo de descobrimento, ele fala com um especialista sobre sonhos. O homem diz que nos sonhos as pessoas têm liberdade e, caso percebam que estão sonhando, procuram aproveitar aquele momento porque as reações de um sonho provocam as mesma sensações que temos em nosso cotidiano. Ele diz que não temos essa mesma liberdade na vida porque há um sistema que limita nossas atitudes, mas que deveríamos contestá-lo, fazendo o que é de nosso agrado, vivendo como se a vida real fosse um sonho.


Voltando à questão do existencialismo, uma frase é capaz de abordar a complexidade deste tema de uma maneira que provoca reflexão:
Você ainda não conheceu a si mesmo. Mas a vantagem de conhecer os outros, enquanto isso, é que um deles pode lhe apresentar a si mesmo.
Waking Life é um filme para ser visto inúmeras vezes, pois tratá uma reflexão nova a cada vez em que for assistido. Ele merece uma análise atenciosa para que seja possível sugar as inúmeras mensagens neurocientíficas que são exibidas ao longo da produção.




Um bom filme àqueles que resolverem assistir. Até mais.
domingo, outubro 31

No mural. No álbum. No coração.

   Fotografias já se tornaram essenciais em nossas vidas. Desde que fotos primitivas começaram a ser usadas, ainda sobre uma tecnologia precária, as lembranças deixaram de ser apenas instrumentos da memória e passaram a marcar o papel. Mesmo que haja os que não gostam de ser fotografados, um afirmação audaciosa de minha parte é dizer que todo mundo adora apreciar belas imagens seja retomando momentos históricos, familiares ou conhecendo novas localidades. 

      Sobre esse aspecto, participei de uma palestra  com duas fotojornalistas durante a Semana Acadêmica de minha Universidade. Adriana Franciosi e Andréia Graiz , funcionárias dos jornais Zero Hora e Diário Gaúcho, respectivamente, falaram sobre como as fotos têm um papel importante porque sublinham as informações divulgadas nos artigos jornalísticos, dando status de verdade para a matéria.

   Sendo assim, a foto pode refletir arte e informação. Provoca sentimentos, gera conhecimento. São inúmeras as características e ações a que essas imagens podem remeter, mas vou me reter às jornalísticas, àquelas capazes de provocar reflexão sobre a realidade em que estamos inseridos.

Para isso, deixo as melhores fotos das carreiras das jornalistas citadas e uma breve narração sobre como foram obtidas. Uma situação inusitada e outra bastante meticulosa:


Adriana nos conta que estava escalada para cobrir uma matéria na Vila Cruzeiro, em Porto Alegre, a respeito das mães de periferia. Ela e o motorista estavam no carro enquanto outro repórter foi buscar informações sobre o endereço a que deveriam ir. Neste meio tempo, um rapaz executou outros dois homens na rua. Adriana teve a oportunidade de virar para trás ao ouvir os tiros e, em instantes, fotografar a cena. Ela diz que a foto foi de extrema importância porque passou por perícia e foi o meio pelo qual os policiais conseguiram identificar o suspeito. Era um jovem de 19anos, que está condenado a vinte e seis anos de prisão.


Andréia nos falou sobre o episódio em que ela e a jornalista Mariana Bertolucci ficaram incumbidas de conseguir uma foto de Gisele Bundchen no casamento da irmã, na Barra do Ribeiro, no interior do Rio Grande do Sul. A imprensa não tinha acesso ao local e os seguranças faziam ronda a dois quilômetros do lugar da festa. A solução que as jornalistas encontraram foi entrar mato adentro, andar por uma distância considerável e foi então que Andréia teve a oportunidade de fotografar a modelo com seu filho no colo. Nisso o segurança foi atrás das jornalistas e resgatou os celulares delas, pensando que era o meio por que teriam fotografado. Andréia já havia colocado sua máquina na bolsa e saiu correndo do local. A foto lhe rendeu um ótimo prestígio e foi divulgada em vários veículos de comunicação.

       Quando questionadas a respeito de como um jornalista deve agir em momentos em que pessoas estão sujeitas a perigo de vida, as jornalistas nos contam que podem agir de duas formas. Se estiverem em um local onde há uma pessoa se afogando, tendo oportunidade, procurarão auxiliar no socorro. Já em outros casos, como cobrir uma matéria em países da África, onde milhares de pessoas passam fome, elas não podem se mobilizar querendo ajudar todos os que estão no local, o que seria impossível. Neste momento, a melhor opção é cobrir a matéria, tirando fotos de denúncia que são capazes de mobilizar os leitores, que muitas vezes acabam contribuindo, enviando alimento e roupas ao local. Esta é a forma que elas vêem como oportunidade de auxiliar na sociedade e exercer ética através de sua profissão.

Independentemente do motivo, fotografe. Pois, segundo Aristóteles, no olhar está a primeira forma de conhecimento.

domingo, outubro 10

Já que somos modernos, muito gás carbônico!

   Desejo que todos que lerem essa postagem estejam sempre repletos de  cereais, forragem natural, raízes, tubérculos e forragem artificial!
   Antes de apresentações de teatro, de dança ou mesmo em competições, as pessoas têm o costume de desejar "merda" umas às outras.
   A expressão nasceu por volta dos séculos XVII e XVIII na França. Era costume da época que a classe burguesa frequentasse o teatro.
 As pessoas se deslocavam até as casas teatrais de carruagem ou a cavalo. No fim do espetáculo, se a rua estivesse abastada de merda, significava que o público tinha sido grande. Quanto mais merda, maior o público e, consequentemente, maior o sucesso da peça. Passou-se então a desejar merda com sentido conotativo de sorte.
    O caso é que a prática não morreu no decorrer dos séculos e permanece como prache na vida daqueles que costumam estar sempre à espera de uma boa recepção do público diante de suas produções.
    Todos os apaixonados por artes cênicas ( seja no teatro, na ópera, na dança ou no circo) sabem muito bem do que estou falando. Mas não é preciso ser artista para entender a essência dessa expressão. Quem nunca ouviu que está com sorte por ter voltado pra casa com o calçado recheado de composição massiva nada digna de apreciação olfativa?
   Caetano Veloso reflete essa tradição por meio de uma produção musical de 1986 com o título nada mais, nada menos do que: Merda.
Merda, merda pra você / Desejo merda / Merda pra você também / Diga merda e tudo bem / Merda toda noite e sempre a merda.
   Já se passaram  quatro séculos desde que a expressão começou a ser usada. Se ela não tivesse vingado e hoje fôssemos criar uma nova, o resultado do sucesso de um peça seria o número de automóveis presentes no local. Nos restaria desejar muito gás carbônico a todos.
  No entanto, desejar "gás carbônico" se torna trabalhoso, não? "Merda" é uma palavra muito mais prática e se apresenta em nossa língua de maneiras bastante curiosas, fica o link de um vídeo humorístico para quem quiser conferir: Usos da Palavra Merda

Desta vez, não só vou desejar um bom feriado a todos, mas desejo também que ele seja recheado de muita merda. Até mais.

quarta-feira, outubro 6

Entrevista com o Ator e Diretor Marco Ricca

   Na sexta-feira da semana passada, dia 1º de outubro, estive conversando com Marco Ricca, que esteve em Porto Alegre participando da estréia de seu filme, Cabeça a Prêmio, que entra agora em cartaz para o grande público.
   Marco Ricca iniciou a carreira artística em 1993 na Rede Globo, passou também pelo SBT e pela Rede Bandeirantes. Em 1997 retornou à Globo, onde assina contrato até hoje, atuando na novela Ti-ti-ti no lugar do personagem Gino.
   O ator já atua na TV, no teatro e no cinema. Agora tem a oportunidade de estrear como diretor, prolongando ainda mais sua caminhada de sucesso. 
   Cabeça a Prêmio é um filme baseado na obra do escritor Marçal Aquino, foi finalizado em 2009, quando começou a participar de diversos festivais e, finalmente, entra agora em cartaz nos cinemas de várias capitais do país. O longa-metragem trata sobre três histórias que se entrecruzam nas paisagens das fronteiras brasileiras, paraguais e bolivianas, onde vivem personagens desiludidos, pecuaristas, contrabandistas e também apaixonados. O longa se difere por não ter um protagonista específico, já que todos os personagens têm suas importâncias dentro de um enredo fora do comum como o diretor me contou na entrevista:




Esta foi a participação do ator e Diretor Marco Ricca no blog Coisas de Laurinha.

Abraços a todos, até mais.

domingo, setembro 12

Fazer bem desde o princípio.


   Três de outubro de 2010, data marcada. Será o dia em que precisaremos estar com boa memória para lembrarmos dos números de todos os candidatos em que votaremos, se isso não der certo, apelaremos para a famosa "colinha", mas estaremos lá. 
   Para alguns, dia de eleição já se tornou lugar-comum, só é exercido para se cumprir o que está em lei, não há entusiasmo por fazer a diferença. Para alguns? Bom, digamos que, na verdade, esses "alguns" se chamam "muitos". E os jovens, eles já fazem parte desses "muitos",inciando sua participação eleitoral sem o mínimo interesse e esperança em gerar resultado ou eles têm buscado respostas diferentes para essa desilusão? 
   Meu intuito aqui é que reflitamos um pouco. É curioso o modo como agimos ao ouvir a palavra "política". Em qualquer ambiente, o simples fato de tocarmos no assunto já muda a expressão de quem está ao redor, é uma expressão fechada e resultante da realidade de nossa nação, pois a falta de prática de promessas, a corrupção, a desigualdade social e outros inúmeros itens nos deixam desiludidos quanto à possibilidade de mudança.
   Não estamos fora de nosso direito ao agir com tanta incredulidade, mas devemos nos dar por conta de que, se permanecermos conformados, a realidade será a mesma nos próximos anos, nas próximas décadas.
   Mesmo que tenhamos motivos de reclamação, muito já foi adquirido. Em um país onde o voto era censitário, onde mulheres não participavam das escolhas, onde o voto cabresto eram comum, já é um grande feito a conquista do voto universal e aberto, falta agora sabermos dar valor àquilo por que as gerações passadas batalharam.
   O jovem é sempre visto como motivo de esperança, são aqueles em que os mais velhos de apóiam, é deles que são esperados os resultados, a coragem, o entusiasmo, a garra. Essa geração é que deve fazer o diferencial e lutar pelo progresso de seus pais, é necessário que o jovem se envolva, que não se contamine com toda a angústia que as gerações antigas possuem, é necessário que eles façam valer a pena.

   Nesta última sexta-feira ( 10 de agosto), estive presente em um debate político com os candidatos ao governo do Estado do Rio Grande do Sul. O Evento foi organizado pela Kzuka e ocorreu na PUCRS, local onde vários jovens se reuniram para ouvir as propostas dos candidatos e, então, obter um voto mais consciente. Tal evento foi exemplo de que há quem se interesse pelo resultado do dia três de outubro. Havia figuras juvenis já conhecidas naquele meio, jovens que, em suas escolas e universidades, têm motivo seus colegas, buscando envolvê-los nas eleições, procurando fazer deles outros que lutem por propostas viáveis para o benefício da sociedade. Naquele local, havia uma juventude desgostosa da realidade, mas que não se conformava com ela e tomava uma atitude para que, mesmo que aos poucos, a maquete política de nosso país venha a ser avaliada de uma forma mais positiva.
   Na ocasião, eu e um colega do curso de Jornalismo aproveitamos a oportunidade para entrevistar alguns dos candidatos ao governo do RS e saber melhor sobre as ideias que haviam sugerido durante o debate, confiram a seguir:


    Esta foi a participação de Jônatha Bittencourt do blog Modus Operandi, que entra hoje como um dos parceiros deste blog. Se preferir obter maiores informações sobre o debate aqui citado, em Modus Operandi você pode conferir uma postagem exclusiva.
   Será a primeira vez em que participarei da eleição e tenho procurado fazer minhas escolhas de maneira consciente, estando a par das propostas dos candidatos, lendo notícias e assistindo ao horário eleitoral quando possível. Tenho plena consciência de que não é fácil nos identificarmos com alguém que seja capaz de gerar as mudanças que desejamos e que é bastante superficial a forma como a política é divulgada em nosso país. Porém, mesmo dentro deste sistema, procuro tomar as atitudes que me são possíveis, acreditando que a partir desta tentativa vamos forjando um alicerce para que, a cada oportunidade de ação, alcancemos o que temos por objetivo. Espero que tanto os jovens que iniciam agora sua participação, assim como aqueles que já estão há bastante tempo nesta jornada, possam fazer de seu voto o resultado de pesquisa, uma pesquisa que preze pela continuação da evolução política deste Brasil, que tanto anseia por progresso.

Uma Boa Eleição a todos.
terça-feira, agosto 17

Deficientes somos nós.

   Já era tarde quando os pais de Jonathan receberam o resultado do Teste da Orelinha. Mariana conversava com outras pessoas que estavam na sala de espera, quando percebeu que seu esposo agia de maneira incomum, tendo expressões de desgosto em sua face, até que veio a seu encontro e deixou o papel em suas mãos. Ela leu, releu. O filho deles era Surdo. Os dois seguraram as mãos um do outro e ficaram por algum tempo imóveis, até que foram à procura do médico.
   O casal jamais havia pensado naquela possibilidade. Sempre desejaram ter um filho e já faziam planos de como seria constituir uma família, ter os primeiros contatos com o bebê, levá-lo à escola... Sentados na sala, o doutor explicou que havia realmente um problema na criança, mas que já existia um tratamento dirigido a quem nascia com aquela deficiência, entregou um livro com maiores informações àqueles  pais para que, assim que possível, iniciassem o processo.
   De início, foi complicado, os pais se viram deparados com uma situação que nunca tinha vindo a suas mentes, mas aprenderam a lidar com a situação e desejaram agir de toda a maneira possível para que seu filho pudesse ouvir e, assim, se comunicar com todos.
   Lucas já estava com 5 anos quando seus pais descobriram que para ele o tratamento não seria possível, pois o aparelho indicado não era compatível com o glóbulo de sua orelha. Foi momento de muita dor para aquela família, foram cinco anos buscando soluções, buscando formas de fazer aquela criança escutar assim como as outras. Lucas precisou frequentar um instituto que acompanhava pessoas com a mesma diferença que ele, e assim passou a ter contato com outras crianças que  sofreram com a mesma rejeição, mas aprendeu que seria possível se comunicar com todos, passou a ter contato com a língua dos sinais e, com o tempo, aceitou sua diferença. 
   No instituto, encontrou uma amiga, Rebeca, que diferente dele, tinha as condições necessárias para usar o equipamento auditivo, mas teve muitos problemas em razão disto. Seus pais eram de família humilde e o as pilhas do aparelho eram no valor de R$4.000,00. De início, ela recebeu o aparelho pelo SUS, porém, caso houvesse algum dano, seus pais precisariam adquirir outro sem auxílio financeiro do governo.
 Por isso, eles sempre a impediram de brincar, de participar de atividades mais interativas ou tomar alguma atitude que de alguma forma pudesse danificar o aparelho.


   Lucas e Rebeca refletem problemas de uma parcela considerável das famílias de nossa sociedade. Foram citados dois exemplos a respeito do problemas que crianças como eles sofrem pela diferença que possuem, sem citar o preconceito que há em relação aos Surdos seja pela falta de informação a respeito deles, seja pela rejeição que se inicia desde que são crianças na escola ou na família. Muitos deles, por serem  excluídos das brincadeiras desde pequenos, acabam por não desenvolver a voz (sim, eles a possuem, apenas não a usam por serem criticados toda vez em que procuram se comunicar), acabam por procurar fazer leitura labial (sendo que é um método limitado, já que não conhecem todas as palavras que são ditas pelos falantes) e procuram usar aparelhos com intuito de ouvir ( o aparelho nunca chegará ao ponto de funcionar como nossa audição, de modo que ouvirão sons em frequência e qualidade muito baixas). Os que optam pela tentativa de ouvir, acabam se frustrando ao não alcançarem essa função e passam a se auto-excluírem, o que provoca um sofrimento contínuo, semelhante a de um negro, de um homossexual ou de qualquer outra pessoa que não é respeitada pela sociedade e acaba por ter uma vida limitada em razão disso.
   A história de inserção dos Surdos é longa. Já foram usados métodos com inserção de sanguessugas nos seus ouvidos, século XV ; foram criados manicômios para "limpá-los" da sociedade na época da Rev.Francesa; além de muitas outras situações por que passaram devido à ignorância e falta de atenção que temos em relação a esse grupo social.
   Hoje o termo correto ao fazermos referência a eles é o de "Surdo", e não de "surdo-mudo" ou de "deficientes auditivos". Houve movimentos pela luta da aceitação deles não como deficientes, não como pessoas que possuem uma falta, mas como pessoas que são diferentes e por isso devem também ser aceitas e respeitadas. Eles possuem uma linguagem ( com todos os 6 itens necessários para que esse conceito possa ser usado) portanto produzem cultura e é possível também aprender com todo conhecimento que eles produzem.
   Sempre que temos contato com pessoas diferentes de nós, acabamos por adquirir algo novo, algo que nos preenche como pessoas e, com certeza, conviver com Surdos também nos dará esta oportunidade. Para que isso ocorra, necessitamos mudar a visão que sempre tivemos em relação a eles como deficientes e perceber que, mesmo que se comuniquem de uma maneira que não é como a nossa, também são indivíduos capazes de aprender e de ensinar. Afinal, quem disse que a maior parcela da sociedade é que está correta? E quem disse que há o termo "correto"? Que não nos baseamos em termos de certo ou de errado, mas que saibamos ter o olhar limpo ao conhecer indivíduos que passaram por experientes que nós não tínhamos condições para alcançar.
segunda-feira, agosto 9

Olhos dentro da Mente

   Você já se deu por conta de que nossa interpretação sobre o que vemos, lemos ou observamos depende da maneira como nos portamos diante dessas situações?
   Para melhor entender, se lembra daquela aula de literatura em que seu professor comentou que a reflexão em relação aos poemas não é limitada, mas depende das situações por que cada um de nós passa: momentos de dor, de crescimento, de paixão...
   Pensando com cautela, além de todas essas influências que nos cercam ou já nos cercaram em determinado momento, nossa capacidade de entender o que nos é exposto se relaciona ainda mais com a atenção que damos ao assunto e de que maneira nos libertamos a apenas sentir o que está sendo dito como se fosse a primeira informação que adquirimos na vida, como se não houvesse nenhum outro pensamento que nos impedisse de receber esta informação em sua forma mais pura, simples e única.
   Parei para pensar a respeito deste assunto há cerca de um mês, ao ver que os comentários em meu blog eram contrários àquilo que havia escrito. Aliás, ao invés de as pessoas sugarem o texto, elas se prediam a uma única informação colocada nele, uma mera informação que tinha o único intuito de exemplificar o tema. No texto, queria comentar sobre como ficamos quando algo inusitado acontece, quando uma notícia nos tira da situação natural. Para isso, citei a desclassificação do Brasil na Copa, já que era uma notícia que havia atingido a todos e então seria mais simples de entenderem o que tinha por intuito. Me enganei.
   Os comentários foram todos sobre a Copa, sobre a seleção, sobre os erros e acertos de Dunga. Pensei: " será que não soube me expressar?" . Reli o texto e percebi que não, que havia escrito realmente o que desejava, mas que o olhar das pessoas não era limpo no momento da leitura, elas passavam os olhos pelo texto já carregadas de informações, sem se permitir receber uma nova visão naquele momento.
   O curioso é que fazemos isso em todo o momento! Há influência de quem nos cerca, do que já fomos, das críticas, da imprensa e tudo isso não nos permite viver na essência, no desejo de enxergar o novo como ele realmente ele é, e não da maneira como ouvimos falar nele.
   Parece-nos difícil deixar todo conhecimento de lado para adquirir um novo e realmente é uma estratégia complicada, mas, geralmente, quando queremos nos superar e alcançar algo além do que já temos por costume, precisamos aprender a também agir de uma maneira que não vá de encontro ao que está limitado a nossa própria capacidade. O arriscar, o tentar diferente nos trazem novas oportunidades e maneiras diferenciadas de relacionamento para com o viver e para com o pensar. Resta-nos tomar um gole de coragem e aceitar esta nova oportunidade. Depois de decididos, esperemos um pouco e avaliemos o resultado. Com certeza, seremos surpreendidos.
Olhos diferentes dos da face, olhos da mente.
sábado, julho 31

Grandes Miudezas desta Amizade

   Não permito que de ti falem mal para não ingressar na ressaca desta amizade. Eu mesma mantenho-me longe dos álcoois ao não pronunciar teu nome em vão, como poderia permitir tanto desleixo?
   Sempre tivemos a mistura presente em nossos dias, ela realmente requisitada por nós, dona de um doce totalmente condensado, mantido por nosso desejo em cofre, seguro, sigiloso. Mistura tão intensa que, em vida, é experimentada por poucos. Perdoe-me por citar uma pitada de seus segredos: é uma mistura formada sobre uma base nunca imaginada, muito ao menos requisitada; trouxe parte de conflitos, de aprendizagem e de libertação, construída por entrega, cativação e decomposição, decomposição essa doída, mas que hoje mantém-se no fogo, condensando-se sempre que possível.
   Vez ou outra, o gás acaba, pena não estarmos em casa para não permitir que ele permaneça intacto! Mesmo que lá não estejamos, as memórias nos retrazem sua estrutura _ assustamo-nos e corremos para fazer sua troca. Às vezes és tu, às vezes sou eu quem chega primeiro. Às vezes nos debatemos em meio ao caminho, ganhamos fôlego, fazemos contagem e voltamos ao que realmente interessa.
     Pronto, ela está acesa! A Luz, Acesa! Condensando.
   Permanecemos um tanto quietos. É alguém que bate a porta, um lápis que escorrega pela mesa sem a menor vontade de inibir-se ao encontrar o chão ou apenas nosso olhar que se encontra e confunde-se ao enxergar algo nunca compreendido como se fosse um utensílio enviado por quem não conhecemos. Basta, basta para que tudo seja transparente, para que a intimidade seja livre, para que tenhamos a sede de que todas as informações sejam de nosso conhecimento. Não conseguimos viver imersos a um único local sem a deliciosa e desejada companhia, já somos parte um do outro, nunca será possível esquecer a parte do que somos.
quinta-feira, julho 29

Perdido em Anos


Precisava deste momento
pelas belas ruas, pelas ruas de Porto Alegre.
O que vivi hoje foi o presente que algum dia perdi
Escondia-me por trás das críticas,
Escondia-me por trás daqueles que não entendem-me,
Escondia-me por trás do que um dia fui e esqueci.
Acidentalmente, não era mais a mesma
Há quase dois anos, os dedos não escorregavam pelo papel.
Ah, quanto jejum, quantas correntes!
Desperdício? Penso que não.
O fluir desapareceu, esmoereu-se
Escondi-me na história para devorar o que sou.
Não posso, não consigo, não há forças em mim
Não há forças capazes de me aljemar.
Sim, até desejei escrever, pensar em rimas
mas não seria como agora
não haveria o natural
os dedos não tremeriam a cada palavra.
Só me resta agradecer:
A Mario Quintana, ao museu;
à minha tia, minha prima;
a Porto Alegre e, com certeza,
ao que um dia já soube ser.
Obrigada, Deus meu!
Não mais me esquecerei
Não há mais refúgio,
Reconheço:
Do pó vim,
para o pó irei.
Será assim, como sempre desejei. 
domingo, julho 25

Sinto-me um ET!

   Ultimamente, tenho me sentido exatamente como no título desse blog, como um ET. Frente a discussões, a situações, sou sempre a que tem uma visão diferente. Sabe, acho que deve ser em razão da chuva que tem caído com frequência aqui em Porto Alegre, provavelmente algum raio atingiu minha cabeça e me tornei uma mutante, meu cérebro sofreu alterações e agora sou a nova ovelha negra.
  Ranking do Twitter: Cala a boca, Sylvester Stallone!
 Já não é novidade para ninguém, por meio da mídia todos estão sabendo sobre os comentários que o astro dirigiu a respeito do Brasil. Depois de divulgadas as informações, milhares de sites, comunidades e grupos se unem para lutar contra os dizeres do "malfeitor, homem que só veio se aproveitar de nossa nação e agora joga tudo o que ganhou fora", óóó, como somos unidos, como defendemos nossa honra, óóó!
  Gente, se está nos faltando algo é aprender a ouvir, aprender a usar o que nos falam a nosso favor. É obvio que o tom do Stallone foi irônico, mas xingá-lo não nos trará nenhum benefício, muito menos diminuirá o resultado que suas palavras causaram no exterior a respeito do procedimentos dos brasileiros, criar campanhas para esculachá-lo só confirmará todas afirmações que ele dirigiu sobre o que somos!
  

Dei uma conferida em alguns comentários do orkut, a galera está criando uma campanha para assistir ao filme que aqui foi filmado por meio da pirataria. Nossa, que ideia brilhante, assim vamos demonstrar nossa força, demonstrar que não estamos conformados com as palavras do Stalllone! Oóó [2]! Típico, típico da atitude que o ator presenciou por aqui.



    No Brasil, atores foram pagos para apanhar nas cenas do filme. No Brasil, milhares de mulheres correram ao encontro do Sylvester, oferecendo seus corpos para obterem algum prestígio financeiro. No Brasil, é preciso andar com milhares de segurança ao seu lado não somente pelo assédio, mas para que seus pertences continuem no lugar onde estão. Gente, tenho consciecia de que, se tudo isso ocorre, não é diretamente por nossa culpa, ou melhor, não é somente por nossa culpa. Outro dos comentários que  vi no orkut foi de uma menina esnobando, dizendo que em nosso país há um governo, uma organização que não permite que o ator americano dirija tais palavras. Nossa, só me restou um suspiro depois de analisar esse comentário. Todas essas tristes atitudes são resultado do que vivemos, das condições que nos são apresentadas, do domínio que há sobre a população, mas já estamos  mais do que atrasados para começar a reivindicar que seja diferente!
 Nós não enxergamos que a análise dele é real porque estamos acostumados com essa realidade, porque sofremos, porque nos vendemos por dinheiro, por fama, por uma vida com melhores condições. Ao invés de aproveitarmos sua declaração para nos reerguemos, para que nasça uma força capaz de lutar contra a mentira que nos mantém em cabos de força a cada dia, as pessoas se reúnem para realizar xingamentos e realizar outros tramas que trazem ao mundo a certeza de que somos exatamente como a visão que está na mente de Sylvester. Sério, eu sinto vontade de chorar ao ver que é esse o resultado causado na população depois de um episódio como esse. 
Cala a boca, povo! Deixa de falar, te mexe, deixa de ser cego e age um pouco! 
Me desculpem, mas é um desabafo.

Elas têm super poderes.

    Existe uma frase. Você a analisa. Você reflete. Você monta.

   Ler é bom. Por meio da leitura nos voltamos à vida. Sim, já escrevi sobre leitura neste mês, mas a abordagem de agora é diferente.
   Em alguns momentos queremos pensar, saber, conhecer algo novo, mas as condições do instante não nos proporcionam tamanha liberdade. Há o desejo por ser diferente, por experimentar algo novo, por tomar uma atitude contrária a tudo com que já estamos acostumados, porém ainda não sabemos em que esse anseio pode se tornar. Será desastroso se deixarmos esta vontade sublimar, pois ela é rara e a liberdade que temos naquele momento tem um poder além do que realmente somos. Por isso, devemos ler.
   Palavras são o reflexo desse desejo, dessa vontade. Há quem se permite ir além por meio delas. Quando lemos, muitos pensamentos se intercalam; nos identificamos com o leitor, nos lembramos de ocasiões semelhantes, discordamos de algumas de suas opiniões  e toda essa reflexão nos traz algo diferenciado, capaz de realizar aquilo que, mediante o cotidiano, não somos capazes de alcançar. Há um quebra-cabeça, peças passam a obter formas, surge uma nova imagem. Nos sentimos bem quando encontramos uma característica diferente  das que já possuíamos; às vezes ela não é inovadora por completo porque se forja por muito daquilo que temos há bastante tempo, mas atrai por se constituir de uma combinação totalmente diferente das que já havíamos alcançado até àquele momento.
   Ter ideias é como mobiliar uma casa. Há um espaço vazio que aos poucos começa a ter uma identidade, que, hora ou outra, tem objetos novos sendo acrescentados. Quando o local está pronto, depois de um período há necessidade de mudança, é preciso trocar móveis de lugar, adicionar novas cores ou, quem sabe, retirar algumas das que já estão no recinto. Inovar, restituir, construir. É preciso manter esse pique, esse descontentamento com o natural, é preciso ver além daquilo que somos capazes, pois, ao nos desafiarmos, somos instigados a lutar por mais, renasce uma força, você toma conta dela como seu escudo, seu poder, sua  evolução.
   Enxergamos que o ler nos liberta e por isso deve haver a reciclagem desse hábito. Não permitamos que ele se torne rotineiro; as palavras têm poder e se envergonhariam se soubessem que nos esquecemos disso. Nosso dia a dia, nossas preocupações podem nos deixar cegos frente a muito do que nos rodeia, mas que tenhamos sempre um colírio à mão quando colocarmos as palavras umas ao lado das outras, elas têm esse direito.
quarta-feira, julho 14

Mais uma contra a copa?

 Depois de atender alguns clientes, bateram algumas idéias e lá estava eu com meus planejamentos. 
"Inicio o curso de jornalismo em agosto,  sendo o curso da duração de 4 anos, estarei me formando por volta de 2014. 2014? Ano da Copa, bingo!"
  Bastou essa relação e não demorou muito para que essa cabecinha passasse a se empolgar. Copa no BR, em 2014, com alguns jogos Porto Alegre? Sim, será uma boa oportunidade para descolar um emprego e por em prática o resultado dos anos de aperfeiçoamento.
  Fui à casa de uma amiga e lá havia mais outra eufórica, sua mãe super contente porque é formada em hotelaria já se via recheada de indicações para essa época.
  Bacana, pessoal com propostas de emprego por... meses? Não, dias!
 Há alguns dias tive a oportunidade de conversar com um candidato a deputado federal nas eleições desse ano. Nesse bate-papo, ele demonstrou que seu interesse é em conquistar o cargo para ter acesso a finanças que lhe darão oportunidade de beneficiar um grupo social de que pertence, pois sem o cargo esta liberação parece impossível.
  Copa, eleição. Empregos, cursos, vestuário, leituras. Tudo, tudo gira em torno do auto-benefício.
  Tudo o que pensamos ou fazemos é procurando satisfazer a nossos próprios interesses. Não há, na cabeça do brasileiro, a ideia de que devemos buscar o favorecimento de todos. A gente se esquece de que é uma nação, de que um depende do outro e de que, para que haja o tal progresso exibido em nossa bandeira, é preciso um equilíbrio na evolução de todas classes sociais.
  Sim, eu mesma me deparei com essa hipocrisia. Me alegrei com a Copa porque EU teria oportunidade de emprego. Mas tá, e os outros? Além disso, seria algo passageiro, que duraria alguns dias e não traria proveito à população depois de que os jogos cessassem. 
  Mais do que isso, o dinheiro que circulará em razão da preparação do evento seria mais do que suficiente para auxiliar em muitas das falências do sistema público em nosso país. É vergonhoso quando percebemos que as pessoas visam mais ao lucro do que à vida. Vida, o que é isso? Acho que nem reconhecemos o significado dessa palavra. Tranquilo, deixemos pessoas morrendo a cada dia na fila do SUS por não conseguirem o bendito do atendimento, deixemos nossos adolescentes saírem do segundo grau sem noção alguma do que é uma regra de três. Vamos sorrir e fazer de conta que tudo está correndo bem. Ah, não se esqueçam: em 2014, gritem muito GOOOL!
  
"Luto pelo justo, pelo bom, pelo melhor do mundo". (Olga Benário Prestes)
Boa eleição, boa Copa a todos. Até mais.

quinta-feira, julho 8

A boa leitura. A leitura do transformar.

   Não limita, não traz ideias prontas, apenas te faz livre. Um conjunto de palavras que, instantes após de serem lidas, transformam-se em milhares de questionamentos.
Em sua mente: 
Imagens, reflexões.
Talvez críticas, decepções.  
   Quando inteira, transforma. Transforma indivíduos, transforma vida, transforma  olhares.
  Não basta unir sílabas e discernir o significado de cada palavra. É preciso desacelerar, enxergar e permitir a si mesmo a construção do novo, o novo que difere e que, em instantes, te faz outro. 
   Antes do texto, eras apenas tu; depois da leitura, és o outro. Outro.
  Se o Outro não existir, não leia;
  Se quer que o Outro exista, liberte-se;
  Se não permite que o Outro nasça, não sinta.
   Nem todos ouviram falar a seu respeito, outros ouviram boatos, mas não creram. Na realidade, ele realmente não existe para tais indivíduos. O Outro exibe-se apenas para quem não teme, não se envergonha, não se limita; ele é feito para os ditos "loucos", para os imparciais, para os que sonham, para os que se permitem vê-lo sem exigências. 
   Feito isso, o Outro se fará presente nas simples leituras e acrescentará a cada uma delas. 
   O Outro apresenta-se a poucos escolhidos à mão. Poucos capazes de serem muitos, pois os poucos têm a capacidade de todos aqueles que não O conheceram.
  O Outro apenas esnoba: poucos, mas meus.
sexta-feira, julho 2

Quando a gente se cala.

   Se lembre do dia em que, por algum momento, seu olhar cessou, ficou imóvel. Se lembre do sentimento, dos pensamentos. Doeu, não? 
   Esses lembranças são frutos, é claro, do que sentimos hoje. É incrível como nossas reações se modificam em segundos. O mesmo povo que antes gritava, batia palma, fazia show com a vuvuzela, depois do apito no final do segundo tempo, estava paralisado. Havia olhares, olhares fixos, olhares pensantes. Silêncio por fora e muitos questionamentos por dentro. Sentimento de que podia ser diferente, vontade de modificar o que ocorreu nos últimos minutos e finalmente aquela ideia bailando em nossas mentes: " parece que tudo foi mentira".
  Foi um dia em que toda nação pôde se identificar com essas características, mesmo aqueles mais céticos pelo futebol puderam sentir o "baque" do resultado. Como diz o gerador da nova expressão dos brasileiros, aquela que assim começa: "Cala a boca,G-----!", foi apenas um jogo. Realmente, apenas um jogo, mas um jogo que origina um comprometimento que vai além da palavra apenas, há um significado muito maior.
 É esse significado que gera todas emoções comentadas no início desse texto, são elas que nos desiludem e, em outras ocasiões, nos alegram. Mas o que fazer depois que tudo acaba, depois que a oportunidade passou, depois de não se poder reverter o resultado? O quê?
  Em outros anos, a seleção já perdeu vários títulos de Copa e, depois dos 4 anos de preparação, pôde alcançar o que almejava assim como ocorreu quando recebemos o título de pentacampeões. Os jogadores que estavam na Copa de 1998 e que sentiram o gosto de segurar a taça em 2002 podem nos dizer o que acontece depois de que tudo passa.
 Persistir, manter o sonho, apoiar, corrigir o que passou, adquirir experiência e fazer da dor um motivo a mais para toda essa busca é o que devemos ter como resposta. Dói, dói muito, mas com certeza vale a pena permanecer com os mesmos objetivos já que o gosto da vitória vai além de um olhar longínquo e imóvel, ele gera reações capazes de restaurar a auto-confiança perdida há anos, capazes de nos fazer vibrar. Não é apenas no futebol, é na vida.


Força a todos, até mais.
terça-feira, junho 29

Questione se quiser!

David, depois de anos atuando no jornalismo, o que mais te fascina? Além disso, quais aspectos mudaram em relação à visão que tu tinhas dessa área quando iniciou nela? E, para terminar, qual a alegria em exercer a profissão e em ser prestigiado por ela a cada dia na mídia, no blog ou em qualquer lugar onde as pessoas comentem a teu respeito? Sucesso sempre, parabéns pelo jornalismo de esforço e inteligente. - Laura Marzullo dos Santos
O jornalismo está sempre mudando. Agora mesmo está passando por um processo radical de mudança, devido à internet. O que é estimulante. É bom mudar, mesmo que dê trabalho. O que aprendi no jornalismo é que as coisas boas trazem coisas boas. Se pudesse, gostaria só de elogiar as outras pessoas, mas, se fizesse isso, me omitiria em relação às coisas ruins que são praticadas. Tento ser sempre honesto, tento sempre escrever ou falar realmente o que acho, mas sei que honestidade não é grosseria. Isso aprendi, e estou aprendendo sempre, tento me corrigir sempre, me aperfeiçoar, melhorar. Se não consigo, não é por falta de esforço, é falta de capacidade.
Depois de quase dois meses, encontrei uma resposta que o David Coimbra , colunista do Jornal Zero Hora, me respondeu em seu blog.
   Na última semana, também passei por uma entrevista realizada pelo orkut na comunidade da FABICO (faculdade de Biblioteconomia e Comunicação Social) em que tive a oportunidade de demonstrar algumas de minhas opiniões políticas, cristãs e pessoais. Para minha surpresa, a entrevista rendeu questionamentos polêmicos, mas que permitiram meus colegas observarem minha maneira de pensar, foi uma experiência interessante.
Gostaria de compartilhar com vocês. Se quiser conferir, loga no orkut e acessa o link:
Uma ótima semana e até mais.

quarta-feira, junho 16

Extravase mais!

"Aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música."  -Friedrich Nietzsche

   Iniciando com um pensamento que representa muito bem o que desejo expressar por aqui hoje. 
   Sabe, existem momentos entendidos apenas pelas pessoas que os curtem pela espontaneidade, que se dão o direito de viver sem algemas. Há aqueles que se reprimem, que deixam de fazer muito do que desejam em razão do julgamento social.
   O pessoal que acompanha o blog sabe o quanto sou sincera e escrevo o que quero. Sou louca e tenho orgulho disso, aliás, uma palavra que caberia melhor seria "mangolona". Sou mangolona por fazer o que me vem à cabeça quando, onde e como eu quiser. Não me importo com o que os outros pensam sobre mim, acho muita mesmice viver limitado pelo julgamento de quem te observa.
   Estamos em época de Copa do Mundo, momento em que todos aproveitam para se alegrar com a emoção que cerca o país, já que torcem juntos, comentam sobre os lances, aplaudem ou criticam os jogadores, admiram os gols... É então que todo mundo compra um acessório em verde-amarelo, usa peruca, buzina e... grita, grita muito! 
 Por que, por que não somos sempre assim? Por que não aproveitamos? Por que não nos damos a oportunidade de ser sempre feliz? Por que dar tanta, tanta atenção aos outros a ponto de limitar-se a si próprio, a ponto de esquecer do que se gosta para gostar do que é imposto que gostemos? Ah meeenos, menos dessa hipocrisia e maaais, mais da espontaneidade!
  Meu apelo é que você seja com quer, que não seja preciso você envelhecer para perceber que o tempo corre, que as oportunidades passam e que você não fez o que desejava e que o que mais queria era nascer novamente para viver segundo suas vontades. 
  Sei que existem obrigações, que a rotina é recheada de responsabilidades, que muitas vezes nos deparamos com situações inusitadas, mas sei também que é muito melhor passar por tudo isso quando estamos aptos a viver com a devida atenção, mas ao mesmo tempo com entusiasmo, com intuito de aprender por meio de cada oportunidade. São detalhes que mudam toda uma trajetória. 
  Apesar de tudo, sei que muito dos que lerem este texto não entenderão nada do que está escrito, mas se lembrarão daqui a alguns anos e então saberão do que se tratava. 


  Sem vergonhas, sem rancores, sem medo! Boa noite e até mais.  

Bem-vindos!

Minha foto
Um conjunto de antíteses e uma mente apaixonada, que pulsam juntos em forma de sonhos. Graduanda em Psicologia e ex-estudante de Jornalismo na UFRGS.

Eles aprovam: