quarta-feira, outubro 17

A Dor do Desapego


     Depois de passados anos em que a humanidade se utilizou dos bens naturais para seu próprio benefício, chegou o período em que cada vez mais temos a palavra "preservação" presente em nossos dias. Em razão desta conscientização, hoje nos preocupamos com a natureza e com os animais. Não percebemos, por outro lado, que mesmo que não fizéssemos uso das matérias vivas e não vivas do meio ambiente, ainda assim haveria a extinção de espécies.
     Já no século XIX, depois de realizar uma viagem de 5 anos ao redor do mundo, Charles Darwin trouxe à tona a teoria da Seleção Natural e comprovou a evolução das variedades. Desde então, ficou sabido que ainda que o homem não interfira no ecossistema - devido a inúmeros fatores geográficos como temperatura, relevo e precipitações - ele irá sofrer alterações e os animais que fazem parte dele também. Eles podem, assim, desaparecer, entrando em extinção.
     O sentimento de preservação que o ser humano possui seja em relação à natureza, a fatos históricos ou a um brinde que recebemos em um evento e que insistimos em guardar por anos nos gaveteiros de nossas casas também se aplica quando a questão em jogo é o amor.
     Depois de ingressarmos em um relacionamento e investirmos nele, ainda que não seja sadio, insistimos em levar o romance adiante. Não sabemos dizer "não" porque assim como não estamos dispostos a deixar que espécies animais sejam extintas para nos apegarmos a outras, também não acreditamos que conhecer uma outra pessoa nos será benéfico. 
     Não queremos aceitar, no fundo, que depois de passarmos por diversas adaptações para vivermos junto a quem amamos, seremos capazes de conviver, novamente, com os trejeitos, as manias, os gostos e a personalidade de um outro alguém.
     O ser humano anseia por segurança e esta necessidade faz bem a ele, pois lhe gera confiança pessoal. Por outro lado, o comodismo não o faz. E conhecer a linha entre esses dois fatores é um exercício que deve fazer parte do nosso cotidiano.
quarta-feira, setembro 26

Suposições Profissionais

E se...

Antes de trabalharmos com o que trabalhamos, especulamos atuar nas carreiras mais diversas.

É curioso quando alguém nos fala:

- Tinha dúvida entre agronomia, direito e computação.

E mais curioso ainda quando dizemos:

- Nossa, um curso mais diferente do outro!

Sendo que o que mais predomina são as dúvidas entre os extremos, e não entre os semelhantes.

Cada ser humano viveu experiências das mais variadas que o levaram a ter capacidades múltiplas. É por isso que nossos hobbies costumam ser o oposto das nossas profissões.

Uma das sensações mais interessantes é quando conversamos com um profissional de uma área que decidimos não seguir. 

O escritor que precisou escolher entre odontologia e literatura, quando visita um dentista, observa todas suas ações.
Imagina-se de jaleco e máscara brancos, manuseando pinças, sondas e espátulas. Teria ele, também, tamanho talento? Conseguiria conquistar pacientes? Quem sabe não foi um erro optar pelas letras. Poderia hoje ter, ao invés de dois livros publicados, uma mansão no interior de sua cidade natal. Como seria sua rotina?
Ao final da consulta, ele sabe que eram apenas suposições. Embora tenha pensado em outras possibilidades, está contente com suas escolhas, pois tem consciência de que não teria a capacidade de mexer nas bocas mais distintas em seu dia a dia. Para ele, fungos, vírus e bactérias, só se forem os ácaros da sua coleção de livros.

Outra sensação mais interessante ainda é a de quando essa conformação não acontece.

Há profissionais que são tão bons que nos provocam a vontade de também estarmos no lugar deles. Eles renovam em nós mesmos o ânimo que um dia existiu para exercer aquela carreira. A firmeza que utilizam para falar sobre seus cotidianos, suas realizações e descobertas fascinam. Existe, mesmo que por segundos, o anseio de largar todos os nossos planos para também sermos como eles.
Essa necessidade nos ocorre porque, naquele instante, sentimos que poderíamos ser tão bons quanto eles ou ainda melhores. Apenas não fomos em razão de fatos da vida, que nos levaram a esquecer de que também tínhamos tal capacidade.

Nestes pensamentos, imaginações e dúvidas é que reside o gosto pela vida.

Escolher é um verbo pesado. Decepção é um substantivo triste. E renovação é uma palavra que deve estar sempre presente.
terça-feira, setembro 25

É preciso aprender a sofrer

É preciso aprender a sofrer e fazer do sofrimento um aprendizado ou, quando possível, um amuleto.
Quem não conhece um homem feio, baixinho e confiante?
Aquele homem para quem você olha e se pergunta: como ele pode ter tantas mulheres lindas e inteligentes ao seu redor?
Mas há, também, muitos homens feios, baixinhos e tristes.
Esses, por outro lado, deixaram o desafio lhes superar.

Quando falo em desafio, não me refiro apenas aos de aparência, mas a todos aqueles que podem corromper o ser humano.
Os desafios existem para nos fazer evoluir. No entanto, crescer ou não é uma escolha própria. Há quem evolua e há quem se destrua, quem plante as próprias frustrações, tornando-se um amargurado.

Você conhece o discurso de uma pessoa fracassada e, portanto, infeliz? Ele começa por meio de justificativas. O sujeito procura, em todo o tempo, explicar o porquê de não ter conseguido, alcançado, amado.

Já a pessoa confiante, por outro lado, frequentemente fala sobre suas falhas. Ela não tem vergonha em exibi-las, pois sabe que muitas delas foram o motivo principal que as levou a ser um ser humano admirável. E, por isso, a todo o momento essa pessoa costuma analisar a si mesma, a fim de ser, cada vez mais, melhor.

No amor, por exemplo, um sujeito fracassado costuma não dar valor a si mesmo. Ele apenas procura.
Procura e, logo que encontra, namora.
Namora porque precisa prender, segurar. Do contrário, acredita que ficará sozinho.
Ele acredita que nasceu na família errada, que seu pai não lhe ensinou como tratar uma mulher. Ou diz que não tem um bom papo, que não é engraçado. Ou que faltou a algumas aulas na academia. Desculpas não faltam. A cada mulher que encontra é uma nova paixão que nasce.

O homem charmoso, por sua vez, esbanja de amor próprio. Conhece muitas, convida poucas para sair e escolhe pouquíssimas para amar. Seu objetivo está em alcançar qualidade. Ele é curioso e deseja saber se a morena tem o abraço melhor do que a ruiva ou se a arquiteta é mais inteligente do que a fisioterapeuta.
Ele demora para se apaixonar, mas é a paixão de muitas delas. Todas gostariam de estar ao seu lado.

Este último homem, diferente do que o homem anterior imagina, também teve inúmeros problemas. Uma de suas ex namoradas o traiu e ele, ao invés de se sentir o coitado, se sentiu o privilegiado. Não ficou ao lado de uma pessoa falsa e encontrou outra melhor.

O homem, a mulher, enfim, o indivíduo confiante sabe sofrer. Ele também chora, claro. Chora bastante, inclusive. Ele respeita sua dor. E também sua vitória. Ele analisa os momentos de dificuldade como oportunidade de evolução. Diz que os elogios que hoje recebe por ser um bom administrador são fruto de sua infância, época em que seus pais não tinham dinheiro e ele precisava poupar. Ele não se envergonha da falta, mas se orgulha do aprendizado.
terça-feira, junho 12

Idas e Vindas


Tenho vergonha. Vergonha da minha instabilidade amorosa. Minha dúvida, no entanto, não se apresenta por ser preciso escolher um entre vários. Mas porque preciso aprender a aceitar os vários que tenho em um. Exigente como sou, não me detive em prolongar os minutos de minha oração ao elaborar, durante o período fervoroso que passei na igreja no decorrer da adolescência, uma lista de características básicas que um homem deveria ter para ser denominado namorado. A lista, então, foi criada. Por outro lado, acreditar que uma única pessoa seria repleta de todas aquelas características – a meu ver, qualidades - seria audácia demais de minha parte. E aquele que alcançou este posto em minha vida há mais de um ano, surpreendentemente, completou todos os requisitos. Os requisitos necessários e outros que vieram juntos como brindes. Nesse caso, porém, os brindes não se traduziram tais como aqueles presentes que a gente ganha como plus ao comprar um produto que está em promoção. Eles acompanharam todo aquele conjunto maravilhoso de namorado que sempre imaginei, mas sua função era um tanto quanto desafiadora: saber se o que havia entre nós era amor ou paixão.

Como eu desejava, ele é inteligente. 

Gosta de discutir sobre cinema e também sobre tecnologia. Porém adora efeitos especiais e é fã de iOS, enquanto eu me impressiono com um enredo bem elaborado e aprecio o Android.


Ele é, como eu sempre quis, engraçado.
Seja onde ou com quem estiver - conversando com um coronel do Exército no sul do país ou sendo atendido por um vendedor do Mercado Público no nordeste - ele é sempre capaz de elaborar uma piada apropriada. Porém não perde a oportunidade de me provocar uma cara de desgosto, ao soltar um de seus comentários inconvenientes (que ele considera extremamente divertidos), quando, na verdade, o que eu mais desejava era um beijo, acompanhado de um toque e de um sussurro no ouvido, que me fizessem sentir a mulher mais desejada naquele momento.


Ele sabe, como considerei importante desde a infância, dançar.
Em qualquer festa, passa a ser o centro das atenções ao exibir inúmeros passos e técnicas. Eu, por outro lado, sempre apreciei o estilo contemporâneo. Gosto de uma dança simples e bastante envolvente.


Ele ama, assim como eu, falar e falar.
Faça chuva, faça sol, o diálogo permanece. Conversamos durante horas e o assunto nunca esgota. Falamos sobre fatos do dia a dia, fazemos as vezes de psicólogos ao avaliar personalidades, discutimos sobre como podemos ajudar um conhecido que vive um período conturbado, decidimos a que evento iremos naquela sexta-feira em que todos os amigos decidiram marcar festas em locais diferentes, e em horários idênticos. Enfim, temas não nos faltam. O que nos falta, na verdade, é tempo. Sem que percebamos, já são cinco horas da manhã de domingo e precisamos acordar cedo no outro dia. Resta-nos uma cara de zumbi durante toda a segunda-feira.


O atributo de companheirismo, como solicitado em minha oração, ele tem.
Desde sempre, deu-se bem com todos os meus amigos. Tão bem, ao ponto de também ser considerado, por eles, um amigo. No entanto, quando chega o final de semana e tomo algumas biritas, ligo para meus fiéis aliados, digo a eles que meu namorado está me batendo e que não me deixa sair de casa. Eles interpretam que, no máximo, caí um tombo quando o namorado me jogou na água fria do chuveiro e que não pensou duas vezes antes de me conter, porque eu, provavelmente, queria andar nua na rua. Depois que passa o efeito do álcool, eu percebo: eles estavam certos.


Um dos valores básicos de um bom caráter, ele tem: a humildade.
Conversa, com respeito, com empresários e empregados. Sabe apreciar um encontro em um parque e também em um bom restaurante. Contudo não viaja, caso não consiga ótimo hotel; não dorme, se não estiver de banho tomado; não se sente bem, desde que o ar condicionado esteja ligado.


Fiel ele também é.
Não deitou-se com outra mulher, nem ao menos lhe entregou um de seus beijos. Mas foi capaz de oferecer-lhes chocolates, massagens e outras vantagens e de negar, quando observei olhares de sedução, que alguma intenção havia entre os dois. Não demorou meses, nem mesmo semanas, para que, bisbilhotando suas conversas online, descobrisse que minhas desconfianças eram reais. 


A experiência de ser universitário, que sempre achei ser importante, ele conhece.
Já passou pelas graduações de engenharia da computação, física e dança. Ao todo, já deve estar há quase 10 anos no meio acadêmico. Por outro lado, a toga de formatura ele nunca usou.


Esses e outros contrastes e semelhanças são os responsáveis pela instabilidade e pela intensidade deste relacionamento. Já geraram inúmeras discussões e inúmeras conquistas. Lágrimas e sorrisos. Términos e voltas.
Diferente do que ocorre na paixão, o amor nos apresenta alguns desses conflitos, mas traz também, junto de si, a capacidade de superação.
Alguns dos elementos básicos de nossas personalidades - a capacidade de resolução de problemas dele e a paixão por aventura minha- acabam por limpar nossas mágoas e renovar os pilares de nosso sentimento. O respeito, a confiança e a admiração, embora tenham sido distorcidos ao longo deste período, permanecem como os pontos fortes.
Meus amigos, por cordialidade, ainda perguntam como estou quando observam a alteração de status de nossos perfis no facebook, mas sei que nenhum deles acredita mais em nossas brigas. Desde pequenos, todos fomos ensinados a realizar escolhas e a não expormos nossas inconstâncias quando elas ocorrem. Afinal, isto é ser adulto. Mas nós dois, mesmo que com idades de adultos, sabemos que seremos eternas crianças e, em razão disso, não hesitamos em expor nossos defeitos e limitações. Por mais paradoxo que pareça, é em razão desta transparência que amadurecemos.
Talvez, no fundo, não gostemos mesmo de um relacionamento estável. E, por isso, nos fechamos tão bem. Embora inúmeros casais não consigam suportar as eternas horas que usamos para discutir, chorar e, inclusive, sofrer; eles também nunca souberam o que é sair sem rumo na estrada e fazer, de um dia comum, um dia a ser lembrado em todos os outros. E destas experiências eu e ele temos várias para contar.
quarta-feira, março 14

Prévia da Morte Através da Infância

"Por que as zebras não têm úlcera?", esse e outros questionamentos como "É verdade que só usamos 10% do nosso cérebro?" têm sido estudados e debatidos durante as palestras que ocorrem nessa semana, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em razão da Semana Nacional do Cérebro. 
Na noite de hoje, o tema explorado foi o estresse, ou, como colocado pelo professor Jorge A. Quillfeldt, "O Estresse Nosso de Cada Dia". Entre as exposições apresentadas, estavam a análise das reações do Sistema Simpático quando nos deparamos com situações estressantes e até que ponto o estresse é benéfico, pois essa reação passa a ser bastante preocupante quando frequente, podendo se tornar crônica.
Um estudo realizado pelo estudioso David Barler foi apresentado pela professora Patrícia P. Silveira, PPG Neurociências pela ICBS/UFRGS. Barker, curioso sobre os motivos que levaram alguns de seus conhecidos a falecer em razão de ataques cardíacos, se propôs a estudar a trajetória dessas pessoas desde suas infâncias. Para isso, fez uso de documentos - que estavam arquivados em um museu da comunidade - desses indivíduos enquanto ainda crianças. Através de inúmeras análises, o pesquisador pôde concluir que aquelas crianças que nasceram com peso abaixo do normal foram as mesmas que morreram em razão de ataque cardíaco, de hipertensão e de outras doenças de mesma proporção. 
Segundo a professora Carla Dalmaz, também presente na palestra desta quarta-feira, há outro estudo que analisou crianças que habitavam dois diferentes orfanatos, e que tinham desenvolvimentos contraditórios.  As duas instituições recebiam abastecimento alimentício semelhante, mas as crianças do orfanato A estavam crescendo normalmente, enquanto as crianças do B não estavam se desenvolvendo. Depois de se ter verificado a rotina de ambas as casas, conclui-se que a diferença entre as instituições dava-se em razão dos profissionais que atuavam nos locais. No orfanato A, os educadores eram positivos e espontâneos; enquanto os educadores do orfanato B eram bastante conservadores. A fim de verificar cientificamente se havia realmente uma relação entre o desenvolvimento das crianças e os perfis dos profissionais envolvidos, os educadores do orfanato A passaram a atuar no B e, o contrário, também. Depois de um período, foi verificado um resultado oposto ao anterior: as crianças que antes não estavam em desenvolvimento passaram a crescer e aquelas que tinham crescimento precário passaram a evoluir como devido.
O tratamento que as pessoas recebem desde quando são um feto e, inclusive, na idade adulta, afeta e muito o desenvolvimento físico e psicológico de um ser humano. Em razão disso, deve-se pensar não uma, nem apenas duas vezes antes de se ter um filho, mas milhares. Para educar uma criança como devido, é necessário que se tenha condições financeiras e psicológicas estáveis. Como dito frequentemente pelos médicos "melhor que o tratamento de um problema é a sua prevenção". Por isso, não faça de uma criança um problema, faça dela uma alegria, uma alegria a ser desenvolvida com apoio e carinho e capaz de criar, futuramente, novas alegrias.

Aqueles que desejarem saber mais sobre a Semana Nacional da Neurociência e sobre as atividades que a Universidade Federal do RS está disponibilizando até o dia 18 deste mês podem ter acesso a maiores informações através do seguinte endereço: http://www.ufrgs.br/ufrgs/noticias/ufrgs-promove-atividades-na-i-semana-nacional-do-cerebro
terça-feira, fevereiro 28

Quem mais poderia ser?


Não foi apenas o cheiro do teu perfume que ficou impregnado no meu corpo depois daquele abraço - abraço esse que se tornou o mais especial de minha vida - foram também as lembranças que, teimosas em mostrar suas importâncias, se alojaram em meus pensamentos.
Não foi apenas o gosto do teu beijo - beijo sabor mocaccino - que ficou palpitando em minha boca,  foi também o sentimento que, confuso e ao mesmo tempo intenso, se propôs a exibir seu potencial.
A presença, a distância;
O sorriso, o desespero;
A briga, a reconciliação;
A certeza, a dúvida;
Dentre esses e outros contrastes, o que mais me provoca é: o que tive e ao mesmo tempo não tinha, o que agora não tenho e sempre sonhei ter: você.
segunda-feira, janeiro 23

Elas, às vezes educadas, às vezes eufóricas, resolveram mandar em mim.


No início de minha adolescência, tive alguns blogs. Foi um momento propício para começar a passar da mente para o papel, ou, neste caso, para as teclas do PC, as minhas reflexões, emoções e pensamentos. Havia a dificuldade em escolher a melhor maneira para contar o que desejava: o que frisar no primeiro parágrafo, que modelo de enredo utilizar, qual ideia privilegiar.
Depois desta experiência, por alguns anos, os blogs ficaram esquecidos. O blog de fã-clube acabou, assim como a adoração ao ídolo também. O blog pessoal... bem, esse eu encontro às vezes ao pesquisar dados pessoais na internet. Quando o vejo, reajo da mesma maneira como quando lemos um diário antigo: Como pude pensar dessa forma? Gostar destas músicas? Curtir esses hábitos? Bom, sei que todo esse ciclo foi importante para estabelecer a pessoa que sou hoje. Se me questiono, é porque mudei. Se mudei, é porque pretendo evoluir. Se evoluo... bom, isso é bastante relativo e me abstenho em discutir a esse respeito por agora.
Fato é que, depois de anos, antes de ingressar na graduação em Jornalismo, no ano de 2010, coloquei este blog no ar. Fui assídua por alguns meses. Na verdade, por mais de um ano, até que as palavras começaram a sumir. Na verdade, elas ainda existem e estão cada vez mais abundantes, a questão é que, assim como quando adolescente, já não sei a melhor forma de expressá-las. 
Às vezes, tomo coragem. Tenho uma ideia, corro ao blog, escrevo muito em pouco tempo e ... não publico. As palavras existem, querem viver, querem deixar de existir apenas em minha mente, mas, quando colocadas nesta caixa de texto, parecem se satisfazer. A euforia que antes tinham em aparecer morre. Não querem ser publicadas, nem mesmo lida por outras pessoas.
Hoje, não sei por que motivo, elas resolveram mudar de opinião. Não as considerei tão belas desta vez, embora também não sejam ruins. Acontece que as melhores têm se escondido. Talvez elas ainda precisem de reparo, talvez sejam tão exigentes consigo mesmas que ainda desejam ser melhor reformuladas para então, sim, desfilarem lindas pelas linhas dos parágrafos.
Enquanto isso, aguardo pela vontade delas.
E agora obedeço àquelas que me mandaram clicar em "publicar postagem".
quinta-feira, janeiro 19

Não vivo neste espaço.


tudo o que acontece me toca.
passa a fazer parte de mim
o filme a que assisto
a voz que ouço
todos, juntos, secretos e intensos

tudo o que me toca me modifica
passa a acrescentar em mim
o preconceito que quebro
a coragem que adquiro
cada um, no seu lugar, firme e forte

tudo o que me indigna me repugna
passa a ser um excesso dentro de mim
a conversa mal resolvida
o gesto de desdém
desgostosos ao todo, apertados, entalados

tudo o que me faz bem me alegra
passa a trazer porpurinas para mim
o encontro fugido
o olhar sinuoso
tomam conta, me devoram, me reinventam

Bem-vindos!

Minha foto
Um conjunto de antíteses e uma mente apaixonada, que pulsam juntos em forma de sonhos. Graduanda em Psicologia e ex-estudante de Jornalismo na UFRGS.

Eles aprovam: