domingo, outubro 5

Eleições 2014: um momento para entender a sociedade brasileira, tal como ela verdadeiramente é.

Se observar, nesta noite, a timeline das pessoas que mais admiro no Facebook, verei comentários de decepção.

Elas estão  chocadas com a eleição de candidatos como Lasier, Danrlei e Jardel.  Por outro lado, também vejo Jean Wyllys  ser eleito Deputado Federal no Rio de Janeiro. Tal fato comprova que, independentemente da visão política, para alcançar um cargo político, ser uma figura pública ajuda. E ajuda muito.

Nossa sociedade ainda é despolitizada. Não é independente para avaliar a visão política de seus candidatos e seus planos diretórios.
O servidor público vota no governo que lhe trouxer mais aumento. O empresário vota no deputado que lhe abrir oportunidade para gerir seus negócios. O religioso vota no pastor que alcance visibilidade para construir novas igrejas.

Essa é a situação atual do Brasil. E é a partir dela que precisamos trabalhar. Ninguém disse que seria fácil mudar. Afinal, como mudaríamos sem antes ter educação (de qualidade e para todos)?

Na Noruega e na Suécia, dois dos países mais desenvolvidos do mundo, educação não é uma vantagem de poucos, é um direito garantido pelo governo. Nesses países, a desigualdade social é quase inexistente. Nega-se o convite para sediar a Copa do Mundo, porque é necessário investir mais no bem-estar da população.

Ainda assim, por mais absurdas que às vezes nos pareçam as eleições brasileiras, elas são exemplo para muitos países em desenvolvimento. A pluralidade pode não ser tão diversa, mas ela existe. Meu período no Egito foi suficiente para dar valor à democracia do Brasil. Vivendo em um país islâmico recém saído de uma revolução e que, esperançosamente,  busca ser livre no governo do presidente Adbel Sisi, aprendi a dar valor à situação política atual da minha nação.

Àqueles que já estão engajados em causas que vão além da busca por benefícios políticos particulares, desejo paciência. E que essa paciência nos ensine a amar a todo instante. Inclusive naqueles momentos em que vemos a injustiça se reproduzir aos nossos olhos. Esse é um exercício diário de policiamento, seja quando vemos um cidadão jogando lixo na rua ou quando vemos pais batendo nos seus filhos. "Todos fazem o melhor que podem com as ferramentas que possuem".

Portanto, se queremos mudança, sejamos a mudança. O exemplo é sempre a melhor forma de aprendizado. Se soubermos agir da maneira como sonhamos, haverá olhares atentos, que encontrarão nessa conduta  algo a ser seguido.

Embora ainda sejamos uma minoria, nossa porcentagem está lá, marcada no resultado das eleições. E com chances de crescer nas próximas oportunidades.

Lutar pelos direitos humanos não é utopia. Não é preciso ter sido judeu no período do genocídio para entender a dor de quem sofreu atentados. Não é preciso ser negro para entender o preconceito racial. Não é preciso amar alguém do mesmo sexo para conceber a dor de não poder demonstrar afeto nas ruas da cidade, por medo da violência. Não é preciso ter nascido mulher, para entender as consequências do machismo em nossa sociedade. É apenas preciso ser humano. E humanos todos somos. Faltam-nos experiências que conscientizem nossos olhares para que, além das nossas lentes, também sejamos capazes de ver por meio das lentes do próximo.


1 comentários:

Unknown disse...
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Um conjunto de antíteses e uma mente apaixonada, que pulsam juntos em forma de sonhos. Graduanda em Psicologia e ex-estudante de Jornalismo na UFRGS.

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