terça-feira, outubro 7

Uma Confissão Pessoal - Hora de pensar no segundo turno

O PT tem problemas. Alguns graves; alguns incompreensíveis; alguns constrangedores até para o mais ferrenho militante. Nenhuma reflexão honesta sobre a realidade do partido pode prescindir de colocar o dedo na própria ferida e tentar entender, afinal, onde é que estão errando.

É sabido que, para conquistar a venerada governabilidade, o PT precisou apertar muitas mãos, sorrir amarelo e posar abraçado com aquilo que de mais deplorável existe no cenário político. Adversários históricos viraram aliados de ocasião e vice-versa, numa dança macabra que invariavelmente ofuscaria as diferenças ideológicas. Ainda que uma grande parcela do eleitorado pareça não se importar com isso, há uma fração que se importa - e, mesmo que matematicamente insignificante, não são poucos os que, decepcionados, acabam se afastando. Tenho a impressão que um dos grandes equívocos do PT nos últimos anos é ignorar essas pessoas.

Porque, no fim das contas, esses são os caras que acreditam no PT.

Eu sou um desses caras.
Não carrego bandeiras, não uso adesivos, não costumo falar abertamente sobre minhas preferências partidárias - embora minhas posições políticas sejam bastante evidentes.
Mas, lá no fundo, acredito no PT. Porque, apesar de tudo, é inegável que, entre erros e acertos, o PT colocou em ação um grande projeto de desenvolvimento social. Isso significa fazer política para o Brasil, e não para meia dúzia de brasileiros já substancialmente favorecidos. Eu poderia citar a expansão do Bolsa Família, o ProUni, o Mais Médicos e uma porção de outras iniciativas - mas creio que elas já são razoavelmente conhecidas por qualquer um que tenha um mínimo referencial de realidade (ou seja, guiam-se por qualquer outra coisa que não os colunistas da Veja). Como seria esperado, o PT enfrentou resistências, precisou capitular em vários pontos, eventualmente costurou arranjos complicados para poder contornar esses impasses e entrou nos mesmos jogos sujos que condenava. Dizia o velho Freud que governar é uma tarefa impossível; o PT experimentou isso na pele. E suponho que tenha aprendido alguma coisa com isso - especialmente o custo da tal governabilidade.
A verdade é que parte da minha frustração se deve ao fato de que espero muito do PT: que avance em itens fundamentais da agenda política do século XXI - o direito ao aborto, a legalização das drogas, o combate à homofobia -; que reveja sua política de alianças; que mantenha e expanda a prática de não acobertar os casos de corrupção; que não tenha medo de enfrentar ideologias arcaicas e que não deixe de comprar as brigas que precisam ser compradas. Espero tudo isso porque, para mim, o PT ainda representa a possibilidade de construção de um Brasil um pouco melhor.
E é mais ou menos por isso que, no próximo dia 05, meus votos vão para Dilma, Tarso e Olívio.
Nessa época de tantos desafios de facebook, desafio qualquer um a ser mais sincero.
 Por Gustavo Mano


Na primeira vez em que li esse texto, emocionei-me. Vi, em cada palavra, a expressão do que muitos brasileiros hoje sentem em relação ao PT (e eu me incluo nesse grupo). Decidi, portanto, compartilhá-lo em momento oportuno. Esse momento é agora!

Aliar-se foi uma das escolhas do PT.
Lembro-me de ver a presidente Dilma Rousseff presente na inauguração do Templo de Salomão, da Igreja Universal, em julho deste ano, em São Paulo. Naquele  momento, ficou clara a aliança entre o governo atual e a bancada evangélica, hoje tão atuante na esfera política. Observar esses acontecimentos impacta  qualquer um que acredita em uma democracia que seja laica e atenda aos interesses de todas as camadas sociais de uma nação, levando-a ao desenvolvimento por meio de investimentos que busquem minimizar as desigualdades da população.

Por outro lado, meu tempo como servidora pública na Prefeitura, embora doloroso, foi um momento de grande aprendizado. Foi a melhor oportunidade para entender como funciona o jogo político. Como costumo dizer, foi a ocasião propícia para "perder a minha ingenuidade ideológica".
Para não manchar minhas mãos, decidi não me aliar. Por outro lado, também não pude transformar. Quem decide não sorrir amarelo perde o direito de ser ouvido. Essa foi a minha escolha: sair de mãos limpas, porém não ajudar e não ser ajudado.

Quem deseja alterar a sociedade em que está inserido, não faz isso sozinho.
Costumamos dizer que todos os políticos são podres e corruptos. E sabemos que muitos deles realmente se elegem por interesses específicos de uma categoria e, às vezes, até mesmo para formar uma carreira (e receber um BOM retorno financeiro por isso). Mas não, nem todos fazem a mesma escolha. Alguns abrem mão de investir em seus próprios objetivos pessoais para dar voz ao arquétipo inato do herói, um daqueles identificados por Carl Jung em sua teoria sobre Inconsciente Coletivo.

Esses heróis, por outro lado, não voam e não atravessam paredes. Eles lideram uma nação tão heterogênea quanto a República do Brasil, que de Norte a Sul se distingue pela cultura, pela economia, pela ideologia e por infinitos outros fatores. Ainda assim, esses heróis não cessam sua caminhada porque encontram tamanha diversidade. Eles transformam o obstáculo da confusão em forma de políticas públicas e investimento em áreas antes ignoradas para mostrar à sociedade que o indivíduo que dorme debaixo do viaduto, que o índio que produz artesanato no centro e que mesmo o adolescente que roubou a sua carteira na rua também têm uma história.

Pra que a sociedade entenda esse processo em que está inserida (sem preconceitos) é preciso que, anteriormente, ela tenha acesso à educação. E educação foi o super poder exercido pelo PT em seus doze anos de mandato.

Houve acesso mais democratizado às universidades. Tanto nas públicas, por meio das cotas, quanto nas privadas, pelo ProUni. Também houve investimento em cursos técnicos. O orçamento do Ministério da Educação simplesmente foi triplicado. Há quem critique a falta de aplicação no Ensino Básico, no entanto essas pessoas não foram informadas de que educação básica não é função da esfera federal. Essas pessoas também não leram o Plano Nacional de Educação do governo Dilma, que prevê assumir responsabilidades (hoje municipais) de investimento nos ensinos Fundamental e Médio, além de projetar atender ao ensino profissional.

Sempre acreditei que educação é a base para a construção de uma sociedade mais livre, transparente e justa. E essa batalha o PT tem assumido, mesmo que para isso, muitas vezes, o partido precise se ferir, tal como um super herói que não ousa se queimar, quando precisa salvar um grupo de indivíduos que está preso em um incêndio. Assumir responsabilidade política é uma tarefa que pressupõe uma caminhada dolorida para alcançar resultados.

O resultado dos últimos três governos de PT são inegáveis. Ainda que um de nós diretamente não tenha sido beneficiado, conhecemos pessoas próximas que foram. E mesmo os Tucanos, que se assustaram ao perceber que outros pássaros também estão voando ao seu lado, deixaram de se perturbar com um grande número de meninos que antes pediam por moeda no sinal, porque hoje estão sendo reinseridos na sociedade.

O ganho tem sido da sociedade brasileira como um todo. Basta a gente parar para pesquisar e observar.


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Um conjunto de antíteses e uma mente apaixonada, que pulsam juntos em forma de sonhos. Graduanda em Psicologia e ex-estudante de Jornalismo na UFRGS.

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