quarta-feira, setembro 26

Suposições Profissionais

E se...

Antes de trabalharmos com o que trabalhamos, especulamos atuar nas carreiras mais diversas.

É curioso quando alguém nos fala:

- Tinha dúvida entre agronomia, direito e computação.

E mais curioso ainda quando dizemos:

- Nossa, um curso mais diferente do outro!

Sendo que o que mais predomina são as dúvidas entre os extremos, e não entre os semelhantes.

Cada ser humano viveu experiências das mais variadas que o levaram a ter capacidades múltiplas. É por isso que nossos hobbies costumam ser o oposto das nossas profissões.

Uma das sensações mais interessantes é quando conversamos com um profissional de uma área que decidimos não seguir. 

O escritor que precisou escolher entre odontologia e literatura, quando visita um dentista, observa todas suas ações.
Imagina-se de jaleco e máscara brancos, manuseando pinças, sondas e espátulas. Teria ele, também, tamanho talento? Conseguiria conquistar pacientes? Quem sabe não foi um erro optar pelas letras. Poderia hoje ter, ao invés de dois livros publicados, uma mansão no interior de sua cidade natal. Como seria sua rotina?
Ao final da consulta, ele sabe que eram apenas suposições. Embora tenha pensado em outras possibilidades, está contente com suas escolhas, pois tem consciência de que não teria a capacidade de mexer nas bocas mais distintas em seu dia a dia. Para ele, fungos, vírus e bactérias, só se forem os ácaros da sua coleção de livros.

Outra sensação mais interessante ainda é a de quando essa conformação não acontece.

Há profissionais que são tão bons que nos provocam a vontade de também estarmos no lugar deles. Eles renovam em nós mesmos o ânimo que um dia existiu para exercer aquela carreira. A firmeza que utilizam para falar sobre seus cotidianos, suas realizações e descobertas fascinam. Existe, mesmo que por segundos, o anseio de largar todos os nossos planos para também sermos como eles.
Essa necessidade nos ocorre porque, naquele instante, sentimos que poderíamos ser tão bons quanto eles ou ainda melhores. Apenas não fomos em razão de fatos da vida, que nos levaram a esquecer de que também tínhamos tal capacidade.

Nestes pensamentos, imaginações e dúvidas é que reside o gosto pela vida.

Escolher é um verbo pesado. Decepção é um substantivo triste. E renovação é uma palavra que deve estar sempre presente.

2 comentários:

Rita disse...

Lindo!!
Como tu escreve bem, apaixonada!
Rita.. :D

Luiz Claudio Garcia disse...

Tenho para mim que realização profissional é algo que se faz independentemente da remuneração. Posso me considerar um afortunado, pois faço o que mais gosto todos os dias e ainda sou pago para fazer isso!
Todo este cenário de dúvida se planta por falha do nosso sistema de educação básica. Acho que é pedir demais para um adolescente de 15 a 18 anos que ele escolha qual será sua carreira por toda sua vida. Ele tem que descobrir qual a sua real competência, conhecer as atividades e oportunidades de mais de 70 cursos de graduação atualmente oferecidos na federal gaúcha e, em parte vultosa dos casos, não lhe é dado o direito de uma nova escolha. Cito um caso que até hoje lembro com consternação: uma professora minha de química, durante o colégio, em meio a uma conversa informal, compartilhou que gostaria de ter feito farmácia. Questionei-a sobre o motivo pelo qual não voltava a estudar findando sua realização pessoal. Ela me respondeu em tom de conselho: faça todas as escolhas erradas enquanto és novo. Quando fores mais velho, tuas chances de voltar e corrigir tuas escolhas não serão mais as mesmas. Agora me questiono: o que estamos perpetrando com nossos adolescentes? Ou, que tipo de pais seremos quando for a nossa 'vez' de objurgar nossos filhos por uma escolha imperfeita? E, o que faremos para que ele faça a escolha certa?

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Um conjunto de antíteses e uma mente apaixonada, que pulsam juntos em forma de sonhos. Graduanda em Psicologia e ex-estudante de Jornalismo na UFRGS.

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