sexta-feira, outubro 25

Abrir Asas no Final da Tarde de Domingo


Tinha caneta, mas não encontrei papel
Rasgar a última página do livro que havia em minha bolsa foi, portanto, a solução.

Fugir de casa para desafogar as mágoas é um dos pecados do desespero
E todos já o cometemos, convenhamos.

Não é preciso estética na roupa
Nem conforto na condução
A esperança é o chegar.

Chegar onde haja brisa da natureza e olhares afáveis
Escolher um canto aconchegante, sentar e observar é a ordem de etiqueta do sossego.

Tenho arranhões do meu gato nos braços e nas pernas
Tenho a dor da esperança no peito e, também, a alegria da esperança na mente
Essas análises são frutos do deitar na grama que essa tarde me proporcionou.

Pude sentir o frio da terra.
O macio do gramado.
A ardência das picadas de formigas.

Vi o céu e, antes dele, as grandes folhas de um coqueiro.
Mais abaixo, o tronco da árvore. 
E mais abaixo ainda, rente ao chão, o meu corpo.

Sentindo-o, reconheci a mim mesma.
Sobre pernas, braços e vida pude pensar.

Supus chamar um amigo para conversar e, antes de fazê-lo,
Vi-o caminhando de mãos dadas com a nova namorada aqui no parque
Do mais, falta-me papel para contar.

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Um conjunto de antíteses e uma mente apaixonada, que pulsam juntos em forma de sonhos. Graduanda em Psicologia e ex-estudante de Jornalismo na UFRGS.

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