segunda-feira, outubro 27

Um diálogo com o Facebook sobre as eleições de 2014


- Senhor Facebook, já que tu me perguntas todos os dias, vou te contar sobre o que estou pensando.
Se eu acessar, neste momento, sites de diversos veículos de comunicação, o que eu encontro é o rosto estampado de uma mulher brasileira, chamada Dilma Rousseff.

Lá tá escrito a palavra "reeleita". Isso quer dizer, Sr.Facebook, que esta mulher está cumprindo um mandato federal no Brasil e foi mais uma vez eleita para manter suas atividades em processo.
Tudo isso me deixou emocionada, amigo Face. Sabe por quê?

Há não muitos anos, mulheres não podiam exercer cargos de liderança. Nem aqui, nem em outros países do mundo. Foi preciso que muitas mulheres - conhecidas cordialmente como "loucas" - se unissem e lutassem para que também fossem respeitadas e ouvidas. Sim, não se surpreenda, foi preciso comprar briga para que homens e mulheres tivessem direitos iguais. Em muitos casos, companheiro Facebook, essa atitude ainda é necessária.

Ver uma mulher reassumir o maior cargo político do país não foi, contudo, o único motivo que me sensibilizou. Um dos outros fatores é saber que essa figura de que hoje falamos foi militante durante um período da história do Brasil conhecido como "Ditadura" (a que alguns nomeiam "Revolução de 64"). Dilma foi uma daquelas pessoas que colocou seu nome em jogo, sua cara à tapa e sua vida à beirinha da morte. Embora torturada, não morreu.

E hoje, já com 66 anos (idade da qual muitos zombam e não respeitam quando a observam, em período eleitoral, passar mal em rede nacional), ela continua ativa politicamente, ainda lutando por um país mais livre e justo para todos cidadãos.

Saber que nas eleições de 2014 já não foi nenhuma surpresa ver Marina Silva e Dilma Rousseff se colocarem como candidatas, sem sofrer assédio e preconceito (ao menos não como nos períodos de Império e de República Cafeeira), é uma conquista da qual não podemos nos esquecer, amigo Face!

E não se esquecer de conquistas é um desafio para qual todos cidadãos brasileiros devem, a partir de agora, se alistar. Muitas vezes, nos parece natural a vida de que desfrutamos e os direitos que nos estão assegurados. Todavia, eles não estiveram sempre assinalados lá, na nossa Constituição. Para redigí-los, foi necessário que algumas pessoas se colocassem frente ao sistema vigente e, assim, pudessem alterá-lo. Essas pessoas, assim como Dilma, também tiveram seus nomes em jogo, suas caras à tapa e suas vidas à beira da morte. Reconhecer esse ação de coragem através de um voto pode parecer um ato singelo, mas é sinônimo de reconhecimento.
terça-feira, outubro 7

Uma Confissão Pessoal - Hora de pensar no segundo turno

O PT tem problemas. Alguns graves; alguns incompreensíveis; alguns constrangedores até para o mais ferrenho militante. Nenhuma reflexão honesta sobre a realidade do partido pode prescindir de colocar o dedo na própria ferida e tentar entender, afinal, onde é que estão errando.

É sabido que, para conquistar a venerada governabilidade, o PT precisou apertar muitas mãos, sorrir amarelo e posar abraçado com aquilo que de mais deplorável existe no cenário político. Adversários históricos viraram aliados de ocasião e vice-versa, numa dança macabra que invariavelmente ofuscaria as diferenças ideológicas. Ainda que uma grande parcela do eleitorado pareça não se importar com isso, há uma fração que se importa - e, mesmo que matematicamente insignificante, não são poucos os que, decepcionados, acabam se afastando. Tenho a impressão que um dos grandes equívocos do PT nos últimos anos é ignorar essas pessoas.

Porque, no fim das contas, esses são os caras que acreditam no PT.

Eu sou um desses caras.
Não carrego bandeiras, não uso adesivos, não costumo falar abertamente sobre minhas preferências partidárias - embora minhas posições políticas sejam bastante evidentes.
Mas, lá no fundo, acredito no PT. Porque, apesar de tudo, é inegável que, entre erros e acertos, o PT colocou em ação um grande projeto de desenvolvimento social. Isso significa fazer política para o Brasil, e não para meia dúzia de brasileiros já substancialmente favorecidos. Eu poderia citar a expansão do Bolsa Família, o ProUni, o Mais Médicos e uma porção de outras iniciativas - mas creio que elas já são razoavelmente conhecidas por qualquer um que tenha um mínimo referencial de realidade (ou seja, guiam-se por qualquer outra coisa que não os colunistas da Veja). Como seria esperado, o PT enfrentou resistências, precisou capitular em vários pontos, eventualmente costurou arranjos complicados para poder contornar esses impasses e entrou nos mesmos jogos sujos que condenava. Dizia o velho Freud que governar é uma tarefa impossível; o PT experimentou isso na pele. E suponho que tenha aprendido alguma coisa com isso - especialmente o custo da tal governabilidade.
A verdade é que parte da minha frustração se deve ao fato de que espero muito do PT: que avance em itens fundamentais da agenda política do século XXI - o direito ao aborto, a legalização das drogas, o combate à homofobia -; que reveja sua política de alianças; que mantenha e expanda a prática de não acobertar os casos de corrupção; que não tenha medo de enfrentar ideologias arcaicas e que não deixe de comprar as brigas que precisam ser compradas. Espero tudo isso porque, para mim, o PT ainda representa a possibilidade de construção de um Brasil um pouco melhor.
E é mais ou menos por isso que, no próximo dia 05, meus votos vão para Dilma, Tarso e Olívio.
Nessa época de tantos desafios de facebook, desafio qualquer um a ser mais sincero.
 Por Gustavo Mano


Na primeira vez em que li esse texto, emocionei-me. Vi, em cada palavra, a expressão do que muitos brasileiros hoje sentem em relação ao PT (e eu me incluo nesse grupo). Decidi, portanto, compartilhá-lo em momento oportuno. Esse momento é agora!

Aliar-se foi uma das escolhas do PT.
Lembro-me de ver a presidente Dilma Rousseff presente na inauguração do Templo de Salomão, da Igreja Universal, em julho deste ano, em São Paulo. Naquele  momento, ficou clara a aliança entre o governo atual e a bancada evangélica, hoje tão atuante na esfera política. Observar esses acontecimentos impacta  qualquer um que acredita em uma democracia que seja laica e atenda aos interesses de todas as camadas sociais de uma nação, levando-a ao desenvolvimento por meio de investimentos que busquem minimizar as desigualdades da população.

Por outro lado, meu tempo como servidora pública na Prefeitura, embora doloroso, foi um momento de grande aprendizado. Foi a melhor oportunidade para entender como funciona o jogo político. Como costumo dizer, foi a ocasião propícia para "perder a minha ingenuidade ideológica".
Para não manchar minhas mãos, decidi não me aliar. Por outro lado, também não pude transformar. Quem decide não sorrir amarelo perde o direito de ser ouvido. Essa foi a minha escolha: sair de mãos limpas, porém não ajudar e não ser ajudado.

Quem deseja alterar a sociedade em que está inserido, não faz isso sozinho.
Costumamos dizer que todos os políticos são podres e corruptos. E sabemos que muitos deles realmente se elegem por interesses específicos de uma categoria e, às vezes, até mesmo para formar uma carreira (e receber um BOM retorno financeiro por isso). Mas não, nem todos fazem a mesma escolha. Alguns abrem mão de investir em seus próprios objetivos pessoais para dar voz ao arquétipo inato do herói, um daqueles identificados por Carl Jung em sua teoria sobre Inconsciente Coletivo.

Esses heróis, por outro lado, não voam e não atravessam paredes. Eles lideram uma nação tão heterogênea quanto a República do Brasil, que de Norte a Sul se distingue pela cultura, pela economia, pela ideologia e por infinitos outros fatores. Ainda assim, esses heróis não cessam sua caminhada porque encontram tamanha diversidade. Eles transformam o obstáculo da confusão em forma de políticas públicas e investimento em áreas antes ignoradas para mostrar à sociedade que o indivíduo que dorme debaixo do viaduto, que o índio que produz artesanato no centro e que mesmo o adolescente que roubou a sua carteira na rua também têm uma história.

Pra que a sociedade entenda esse processo em que está inserida (sem preconceitos) é preciso que, anteriormente, ela tenha acesso à educação. E educação foi o super poder exercido pelo PT em seus doze anos de mandato.

Houve acesso mais democratizado às universidades. Tanto nas públicas, por meio das cotas, quanto nas privadas, pelo ProUni. Também houve investimento em cursos técnicos. O orçamento do Ministério da Educação simplesmente foi triplicado. Há quem critique a falta de aplicação no Ensino Básico, no entanto essas pessoas não foram informadas de que educação básica não é função da esfera federal. Essas pessoas também não leram o Plano Nacional de Educação do governo Dilma, que prevê assumir responsabilidades (hoje municipais) de investimento nos ensinos Fundamental e Médio, além de projetar atender ao ensino profissional.

Sempre acreditei que educação é a base para a construção de uma sociedade mais livre, transparente e justa. E essa batalha o PT tem assumido, mesmo que para isso, muitas vezes, o partido precise se ferir, tal como um super herói que não ousa se queimar, quando precisa salvar um grupo de indivíduos que está preso em um incêndio. Assumir responsabilidade política é uma tarefa que pressupõe uma caminhada dolorida para alcançar resultados.

O resultado dos últimos três governos de PT são inegáveis. Ainda que um de nós diretamente não tenha sido beneficiado, conhecemos pessoas próximas que foram. E mesmo os Tucanos, que se assustaram ao perceber que outros pássaros também estão voando ao seu lado, deixaram de se perturbar com um grande número de meninos que antes pediam por moeda no sinal, porque hoje estão sendo reinseridos na sociedade.

O ganho tem sido da sociedade brasileira como um todo. Basta a gente parar para pesquisar e observar.


domingo, outubro 5

Eleições 2014: um momento para entender a sociedade brasileira, tal como ela verdadeiramente é.

Se observar, nesta noite, a timeline das pessoas que mais admiro no Facebook, verei comentários de decepção.

Elas estão  chocadas com a eleição de candidatos como Lasier, Danrlei e Jardel.  Por outro lado, também vejo Jean Wyllys  ser eleito Deputado Federal no Rio de Janeiro. Tal fato comprova que, independentemente da visão política, para alcançar um cargo político, ser uma figura pública ajuda. E ajuda muito.

Nossa sociedade ainda é despolitizada. Não é independente para avaliar a visão política de seus candidatos e seus planos diretórios.
O servidor público vota no governo que lhe trouxer mais aumento. O empresário vota no deputado que lhe abrir oportunidade para gerir seus negócios. O religioso vota no pastor que alcance visibilidade para construir novas igrejas.

Essa é a situação atual do Brasil. E é a partir dela que precisamos trabalhar. Ninguém disse que seria fácil mudar. Afinal, como mudaríamos sem antes ter educação (de qualidade e para todos)?

Na Noruega e na Suécia, dois dos países mais desenvolvidos do mundo, educação não é uma vantagem de poucos, é um direito garantido pelo governo. Nesses países, a desigualdade social é quase inexistente. Nega-se o convite para sediar a Copa do Mundo, porque é necessário investir mais no bem-estar da população.

Ainda assim, por mais absurdas que às vezes nos pareçam as eleições brasileiras, elas são exemplo para muitos países em desenvolvimento. A pluralidade pode não ser tão diversa, mas ela existe. Meu período no Egito foi suficiente para dar valor à democracia do Brasil. Vivendo em um país islâmico recém saído de uma revolução e que, esperançosamente,  busca ser livre no governo do presidente Adbel Sisi, aprendi a dar valor à situação política atual da minha nação.

Àqueles que já estão engajados em causas que vão além da busca por benefícios políticos particulares, desejo paciência. E que essa paciência nos ensine a amar a todo instante. Inclusive naqueles momentos em que vemos a injustiça se reproduzir aos nossos olhos. Esse é um exercício diário de policiamento, seja quando vemos um cidadão jogando lixo na rua ou quando vemos pais batendo nos seus filhos. "Todos fazem o melhor que podem com as ferramentas que possuem".

Portanto, se queremos mudança, sejamos a mudança. O exemplo é sempre a melhor forma de aprendizado. Se soubermos agir da maneira como sonhamos, haverá olhares atentos, que encontrarão nessa conduta  algo a ser seguido.

Embora ainda sejamos uma minoria, nossa porcentagem está lá, marcada no resultado das eleições. E com chances de crescer nas próximas oportunidades.

Lutar pelos direitos humanos não é utopia. Não é preciso ter sido judeu no período do genocídio para entender a dor de quem sofreu atentados. Não é preciso ser negro para entender o preconceito racial. Não é preciso amar alguém do mesmo sexo para conceber a dor de não poder demonstrar afeto nas ruas da cidade, por medo da violência. Não é preciso ter nascido mulher, para entender as consequências do machismo em nossa sociedade. É apenas preciso ser humano. E humanos todos somos. Faltam-nos experiências que conscientizem nossos olhares para que, além das nossas lentes, também sejamos capazes de ver por meio das lentes do próximo.


Bem-vindos!

Minha foto
Um conjunto de antíteses e uma mente apaixonada, que pulsam juntos em forma de sonhos. Graduanda em Psicologia e ex-estudante de Jornalismo na UFRGS.

Eles aprovam: