sábado, julho 31

Grandes Miudezas desta Amizade

   Não permito que de ti falem mal para não ingressar na ressaca desta amizade. Eu mesma mantenho-me longe dos álcoois ao não pronunciar teu nome em vão, como poderia permitir tanto desleixo?
   Sempre tivemos a mistura presente em nossos dias, ela realmente requisitada por nós, dona de um doce totalmente condensado, mantido por nosso desejo em cofre, seguro, sigiloso. Mistura tão intensa que, em vida, é experimentada por poucos. Perdoe-me por citar uma pitada de seus segredos: é uma mistura formada sobre uma base nunca imaginada, muito ao menos requisitada; trouxe parte de conflitos, de aprendizagem e de libertação, construída por entrega, cativação e decomposição, decomposição essa doída, mas que hoje mantém-se no fogo, condensando-se sempre que possível.
   Vez ou outra, o gás acaba, pena não estarmos em casa para não permitir que ele permaneça intacto! Mesmo que lá não estejamos, as memórias nos retrazem sua estrutura _ assustamo-nos e corremos para fazer sua troca. Às vezes és tu, às vezes sou eu quem chega primeiro. Às vezes nos debatemos em meio ao caminho, ganhamos fôlego, fazemos contagem e voltamos ao que realmente interessa.
     Pronto, ela está acesa! A Luz, Acesa! Condensando.
   Permanecemos um tanto quietos. É alguém que bate a porta, um lápis que escorrega pela mesa sem a menor vontade de inibir-se ao encontrar o chão ou apenas nosso olhar que se encontra e confunde-se ao enxergar algo nunca compreendido como se fosse um utensílio enviado por quem não conhecemos. Basta, basta para que tudo seja transparente, para que a intimidade seja livre, para que tenhamos a sede de que todas as informações sejam de nosso conhecimento. Não conseguimos viver imersos a um único local sem a deliciosa e desejada companhia, já somos parte um do outro, nunca será possível esquecer a parte do que somos.
quinta-feira, julho 29

Perdido em Anos


Precisava deste momento
pelas belas ruas, pelas ruas de Porto Alegre.
O que vivi hoje foi o presente que algum dia perdi
Escondia-me por trás das críticas,
Escondia-me por trás daqueles que não entendem-me,
Escondia-me por trás do que um dia fui e esqueci.
Acidentalmente, não era mais a mesma
Há quase dois anos, os dedos não escorregavam pelo papel.
Ah, quanto jejum, quantas correntes!
Desperdício? Penso que não.
O fluir desapareceu, esmoereu-se
Escondi-me na história para devorar o que sou.
Não posso, não consigo, não há forças em mim
Não há forças capazes de me aljemar.
Sim, até desejei escrever, pensar em rimas
mas não seria como agora
não haveria o natural
os dedos não tremeriam a cada palavra.
Só me resta agradecer:
A Mario Quintana, ao museu;
à minha tia, minha prima;
a Porto Alegre e, com certeza,
ao que um dia já soube ser.
Obrigada, Deus meu!
Não mais me esquecerei
Não há mais refúgio,
Reconheço:
Do pó vim,
para o pó irei.
Será assim, como sempre desejei. 
domingo, julho 25

Sinto-me um ET!

   Ultimamente, tenho me sentido exatamente como no título desse blog, como um ET. Frente a discussões, a situações, sou sempre a que tem uma visão diferente. Sabe, acho que deve ser em razão da chuva que tem caído com frequência aqui em Porto Alegre, provavelmente algum raio atingiu minha cabeça e me tornei uma mutante, meu cérebro sofreu alterações e agora sou a nova ovelha negra.
  Ranking do Twitter: Cala a boca, Sylvester Stallone!
 Já não é novidade para ninguém, por meio da mídia todos estão sabendo sobre os comentários que o astro dirigiu a respeito do Brasil. Depois de divulgadas as informações, milhares de sites, comunidades e grupos se unem para lutar contra os dizeres do "malfeitor, homem que só veio se aproveitar de nossa nação e agora joga tudo o que ganhou fora", óóó, como somos unidos, como defendemos nossa honra, óóó!
  Gente, se está nos faltando algo é aprender a ouvir, aprender a usar o que nos falam a nosso favor. É obvio que o tom do Stallone foi irônico, mas xingá-lo não nos trará nenhum benefício, muito menos diminuirá o resultado que suas palavras causaram no exterior a respeito do procedimentos dos brasileiros, criar campanhas para esculachá-lo só confirmará todas afirmações que ele dirigiu sobre o que somos!
  

Dei uma conferida em alguns comentários do orkut, a galera está criando uma campanha para assistir ao filme que aqui foi filmado por meio da pirataria. Nossa, que ideia brilhante, assim vamos demonstrar nossa força, demonstrar que não estamos conformados com as palavras do Stalllone! Oóó [2]! Típico, típico da atitude que o ator presenciou por aqui.



    No Brasil, atores foram pagos para apanhar nas cenas do filme. No Brasil, milhares de mulheres correram ao encontro do Sylvester, oferecendo seus corpos para obterem algum prestígio financeiro. No Brasil, é preciso andar com milhares de segurança ao seu lado não somente pelo assédio, mas para que seus pertences continuem no lugar onde estão. Gente, tenho consciecia de que, se tudo isso ocorre, não é diretamente por nossa culpa, ou melhor, não é somente por nossa culpa. Outro dos comentários que  vi no orkut foi de uma menina esnobando, dizendo que em nosso país há um governo, uma organização que não permite que o ator americano dirija tais palavras. Nossa, só me restou um suspiro depois de analisar esse comentário. Todas essas tristes atitudes são resultado do que vivemos, das condições que nos são apresentadas, do domínio que há sobre a população, mas já estamos  mais do que atrasados para começar a reivindicar que seja diferente!
 Nós não enxergamos que a análise dele é real porque estamos acostumados com essa realidade, porque sofremos, porque nos vendemos por dinheiro, por fama, por uma vida com melhores condições. Ao invés de aproveitarmos sua declaração para nos reerguemos, para que nasça uma força capaz de lutar contra a mentira que nos mantém em cabos de força a cada dia, as pessoas se reúnem para realizar xingamentos e realizar outros tramas que trazem ao mundo a certeza de que somos exatamente como a visão que está na mente de Sylvester. Sério, eu sinto vontade de chorar ao ver que é esse o resultado causado na população depois de um episódio como esse. 
Cala a boca, povo! Deixa de falar, te mexe, deixa de ser cego e age um pouco! 
Me desculpem, mas é um desabafo.

Elas têm super poderes.

    Existe uma frase. Você a analisa. Você reflete. Você monta.

   Ler é bom. Por meio da leitura nos voltamos à vida. Sim, já escrevi sobre leitura neste mês, mas a abordagem de agora é diferente.
   Em alguns momentos queremos pensar, saber, conhecer algo novo, mas as condições do instante não nos proporcionam tamanha liberdade. Há o desejo por ser diferente, por experimentar algo novo, por tomar uma atitude contrária a tudo com que já estamos acostumados, porém ainda não sabemos em que esse anseio pode se tornar. Será desastroso se deixarmos esta vontade sublimar, pois ela é rara e a liberdade que temos naquele momento tem um poder além do que realmente somos. Por isso, devemos ler.
   Palavras são o reflexo desse desejo, dessa vontade. Há quem se permite ir além por meio delas. Quando lemos, muitos pensamentos se intercalam; nos identificamos com o leitor, nos lembramos de ocasiões semelhantes, discordamos de algumas de suas opiniões  e toda essa reflexão nos traz algo diferenciado, capaz de realizar aquilo que, mediante o cotidiano, não somos capazes de alcançar. Há um quebra-cabeça, peças passam a obter formas, surge uma nova imagem. Nos sentimos bem quando encontramos uma característica diferente  das que já possuíamos; às vezes ela não é inovadora por completo porque se forja por muito daquilo que temos há bastante tempo, mas atrai por se constituir de uma combinação totalmente diferente das que já havíamos alcançado até àquele momento.
   Ter ideias é como mobiliar uma casa. Há um espaço vazio que aos poucos começa a ter uma identidade, que, hora ou outra, tem objetos novos sendo acrescentados. Quando o local está pronto, depois de um período há necessidade de mudança, é preciso trocar móveis de lugar, adicionar novas cores ou, quem sabe, retirar algumas das que já estão no recinto. Inovar, restituir, construir. É preciso manter esse pique, esse descontentamento com o natural, é preciso ver além daquilo que somos capazes, pois, ao nos desafiarmos, somos instigados a lutar por mais, renasce uma força, você toma conta dela como seu escudo, seu poder, sua  evolução.
   Enxergamos que o ler nos liberta e por isso deve haver a reciclagem desse hábito. Não permitamos que ele se torne rotineiro; as palavras têm poder e se envergonhariam se soubessem que nos esquecemos disso. Nosso dia a dia, nossas preocupações podem nos deixar cegos frente a muito do que nos rodeia, mas que tenhamos sempre um colírio à mão quando colocarmos as palavras umas ao lado das outras, elas têm esse direito.
quarta-feira, julho 14

Mais uma contra a copa?

 Depois de atender alguns clientes, bateram algumas idéias e lá estava eu com meus planejamentos. 
"Inicio o curso de jornalismo em agosto,  sendo o curso da duração de 4 anos, estarei me formando por volta de 2014. 2014? Ano da Copa, bingo!"
  Bastou essa relação e não demorou muito para que essa cabecinha passasse a se empolgar. Copa no BR, em 2014, com alguns jogos Porto Alegre? Sim, será uma boa oportunidade para descolar um emprego e por em prática o resultado dos anos de aperfeiçoamento.
  Fui à casa de uma amiga e lá havia mais outra eufórica, sua mãe super contente porque é formada em hotelaria já se via recheada de indicações para essa época.
  Bacana, pessoal com propostas de emprego por... meses? Não, dias!
 Há alguns dias tive a oportunidade de conversar com um candidato a deputado federal nas eleições desse ano. Nesse bate-papo, ele demonstrou que seu interesse é em conquistar o cargo para ter acesso a finanças que lhe darão oportunidade de beneficiar um grupo social de que pertence, pois sem o cargo esta liberação parece impossível.
  Copa, eleição. Empregos, cursos, vestuário, leituras. Tudo, tudo gira em torno do auto-benefício.
  Tudo o que pensamos ou fazemos é procurando satisfazer a nossos próprios interesses. Não há, na cabeça do brasileiro, a ideia de que devemos buscar o favorecimento de todos. A gente se esquece de que é uma nação, de que um depende do outro e de que, para que haja o tal progresso exibido em nossa bandeira, é preciso um equilíbrio na evolução de todas classes sociais.
  Sim, eu mesma me deparei com essa hipocrisia. Me alegrei com a Copa porque EU teria oportunidade de emprego. Mas tá, e os outros? Além disso, seria algo passageiro, que duraria alguns dias e não traria proveito à população depois de que os jogos cessassem. 
  Mais do que isso, o dinheiro que circulará em razão da preparação do evento seria mais do que suficiente para auxiliar em muitas das falências do sistema público em nosso país. É vergonhoso quando percebemos que as pessoas visam mais ao lucro do que à vida. Vida, o que é isso? Acho que nem reconhecemos o significado dessa palavra. Tranquilo, deixemos pessoas morrendo a cada dia na fila do SUS por não conseguirem o bendito do atendimento, deixemos nossos adolescentes saírem do segundo grau sem noção alguma do que é uma regra de três. Vamos sorrir e fazer de conta que tudo está correndo bem. Ah, não se esqueçam: em 2014, gritem muito GOOOL!
  
"Luto pelo justo, pelo bom, pelo melhor do mundo". (Olga Benário Prestes)
Boa eleição, boa Copa a todos. Até mais.

quinta-feira, julho 8

A boa leitura. A leitura do transformar.

   Não limita, não traz ideias prontas, apenas te faz livre. Um conjunto de palavras que, instantes após de serem lidas, transformam-se em milhares de questionamentos.
Em sua mente: 
Imagens, reflexões.
Talvez críticas, decepções.  
   Quando inteira, transforma. Transforma indivíduos, transforma vida, transforma  olhares.
  Não basta unir sílabas e discernir o significado de cada palavra. É preciso desacelerar, enxergar e permitir a si mesmo a construção do novo, o novo que difere e que, em instantes, te faz outro. 
   Antes do texto, eras apenas tu; depois da leitura, és o outro. Outro.
  Se o Outro não existir, não leia;
  Se quer que o Outro exista, liberte-se;
  Se não permite que o Outro nasça, não sinta.
   Nem todos ouviram falar a seu respeito, outros ouviram boatos, mas não creram. Na realidade, ele realmente não existe para tais indivíduos. O Outro exibe-se apenas para quem não teme, não se envergonha, não se limita; ele é feito para os ditos "loucos", para os imparciais, para os que sonham, para os que se permitem vê-lo sem exigências. 
   Feito isso, o Outro se fará presente nas simples leituras e acrescentará a cada uma delas. 
   O Outro apresenta-se a poucos escolhidos à mão. Poucos capazes de serem muitos, pois os poucos têm a capacidade de todos aqueles que não O conheceram.
  O Outro apenas esnoba: poucos, mas meus.
sexta-feira, julho 2

Quando a gente se cala.

   Se lembre do dia em que, por algum momento, seu olhar cessou, ficou imóvel. Se lembre do sentimento, dos pensamentos. Doeu, não? 
   Esses lembranças são frutos, é claro, do que sentimos hoje. É incrível como nossas reações se modificam em segundos. O mesmo povo que antes gritava, batia palma, fazia show com a vuvuzela, depois do apito no final do segundo tempo, estava paralisado. Havia olhares, olhares fixos, olhares pensantes. Silêncio por fora e muitos questionamentos por dentro. Sentimento de que podia ser diferente, vontade de modificar o que ocorreu nos últimos minutos e finalmente aquela ideia bailando em nossas mentes: " parece que tudo foi mentira".
  Foi um dia em que toda nação pôde se identificar com essas características, mesmo aqueles mais céticos pelo futebol puderam sentir o "baque" do resultado. Como diz o gerador da nova expressão dos brasileiros, aquela que assim começa: "Cala a boca,G-----!", foi apenas um jogo. Realmente, apenas um jogo, mas um jogo que origina um comprometimento que vai além da palavra apenas, há um significado muito maior.
 É esse significado que gera todas emoções comentadas no início desse texto, são elas que nos desiludem e, em outras ocasiões, nos alegram. Mas o que fazer depois que tudo acaba, depois que a oportunidade passou, depois de não se poder reverter o resultado? O quê?
  Em outros anos, a seleção já perdeu vários títulos de Copa e, depois dos 4 anos de preparação, pôde alcançar o que almejava assim como ocorreu quando recebemos o título de pentacampeões. Os jogadores que estavam na Copa de 1998 e que sentiram o gosto de segurar a taça em 2002 podem nos dizer o que acontece depois de que tudo passa.
 Persistir, manter o sonho, apoiar, corrigir o que passou, adquirir experiência e fazer da dor um motivo a mais para toda essa busca é o que devemos ter como resposta. Dói, dói muito, mas com certeza vale a pena permanecer com os mesmos objetivos já que o gosto da vitória vai além de um olhar longínquo e imóvel, ele gera reações capazes de restaurar a auto-confiança perdida há anos, capazes de nos fazer vibrar. Não é apenas no futebol, é na vida.


Força a todos, até mais.

Bem-vindos!

Minha foto
Um conjunto de antíteses e uma mente apaixonada, que pulsam juntos em forma de sonhos. Graduanda em Psicologia e ex-estudante de Jornalismo na UFRGS.

Eles aprovam: